sábado, 29 de novembro de 2008

Prison Break {Capítulo 03x11}


Prison Break
3º Temporada


Capítulo 11
A caixa

Lincoln já havia acordado naquele dia, estava sentado na cama, olhando para os vários prédios que enxergava através da janela do hotel. Depois da ligação que recebera não tivera coragem de ir até Sona conversar com Michael. Falara com Sofia no dia anterior, dissera que o melhor era que se comunicassem apenas por telefone, pelo menos por um tempo, para não chamar a atenção de pessoas da Companhia. Sentia que sua cabeça estava uma confusão, quanto mais ele pensava mais os seus problemas pareciam não ter solução.
Foi despertado pelo telefone do hotel, o ouviu tocar por alguns segundos e atendeu:
-Senhor Borrows?
-É ele.
-Temos uma correspondência para o senhor, você quer que levemos até o quarto ou o senhor irá buscar?
-Já estou indo.
Lincoln sentiu aquele calafrio tomar-lhe as costas e o pescoço e lembrara do recado de Susan. Sem pensar muito, desligou o telefone e foi até a recepção. Quando chegou lá, assinou um papel que garantia que ele havia recebido a entrega. O recepcionista retirou do balcão uma caixa branca e quadrada. Não era muito grande, mas também não se poderia dizer que caberia pouco ali dentro. Lincoln a pegou com as duas mãos e de imediato sentiu o peso em seus braços, foi então que ouviu o recepcionista dizer:
-Cuidado, senhor, é pesado.
Lincoln subiu até o quarto, entrou e trancou a porta. Aproximou-se da cama e com cuidado largou a caixa ali entre os seus lençóis brancos desarrumados.
Ajoelhou-se diante dela, sentiu seus batimentos acelerar e o suor começar a tomar-lhe o corpo. Levemente levou as mãos até a tampa e tremendo retirou-a num movimento só.
Soltou um grito ensurdecedor até mesmo para si e levantou-se rapidamente. Era quase insuportável o que estava diante de seus olhos. Sentiu o seu coração lentamente diminuir os batimentos que até alguns segundos atrás foram um dos mais rápidos de sua vida. O suor escorria por suas costas, pelo seu rosto, suas mãos estavam geladas e sua cabeça parecia ter sido atingida por algo bem forte e pesado.
Virou o rosto para evitar ter que olhar aquela visão terrível, mas era inevitável: uma parte do corpo de Sara já estava impregnada em sua mente.
De repente tudo começou a escurecer e ele aos poucos perdia todos os sentidos. A última coisa que encontrou na sua mente antes de cair naquela escuridão foi a cabeça de Sara dentro de uma caixa.
Então apenas não sentiu mais nada e caiu em sono profundo.



-Michael!Michael!
Michael ouvia alguém ao fundo chamá-lo. Começava a abrir os olhos nas primeiras horas da manhã. A luz adentrou neles e ele pode ver o rosto zangado de Chuck sobre ele. De um pulo só, sentou-se no beliche, assustado.
-Bah, cara!Você custa a acordar. Que sono profundo!
Michael aos poucos foi recuperando todos os sentidos.
-Toma!Eu consegui isto para você.
Chuck sentou-se ao lado de Michael e lhe entregou um pedaço de pão velho que havia roubado.
-Come rápido, porque se o Lechero ou um de seus homens o virem comendo isso, saberão que eu quem lhe dei.
Michael pegou o pedaço de pão e comeu em silêncio. Sentiu aquilo descer secamente em sua garganta. Depois que terminou, Chuck disse:
-Então, começaremos a cavar no esgoto hoje?
Michael suspirou um pouco cansado ainda.
-Não começaremos hoje, mas quero sua companhia para descer no esgoto e descobrirmos onde iremos começar.
Chuck parecia entusiasmado e isso deixava Michael feliz por si só.
Em questão de minutos, os dois já estavam no pátio. Enquanto Michael bebia um pouco de água da torneira, Chuck aproximou-se e sussurrando perguntou:
-E Charlie e Whistler?Não irão com a gente?
Michael lhe lançou um olhar apreensivo e fechou a torneira.
-Iremos descer só nós dois. Quero olhar tudo de perto e com atenção, sem ter a preocupação de que alguém possa nos observar ou...
-Eu entendo.
Michael sentiu-se aliviado ao não ter que explicar mais do que aquilo para Chuck. Os dois deixaram o pátio e encaminharam-se ao esgoto.
Durante a sua caminhada passaram por vários homens, várias celas e quando estavam se aproximando do seu objetivo foi que Michael percebeu – como não havia percebido na noite anterior - como aquela parte de Sona era tão diferente das outras. Lá os corredores eram mais largos e vazios. Apesar da poeira beirar nos cantos e nas grades, tudo parecia um pouco mais limpo do que o espaço que eles ocupavam diariamente.
Michael percebeu quando havia chegado e aproximou-se da porta grande e de duas aberturas em que tocara na noite anterior. Levou a mão ao corrimão e o empurrou. Chuck fez o mesmo com a outra abertura.
Lá dentro as paredes, Michael reparou, eram feitas de tijolos maciços. E as escadas também. Eles terminaram de colocar o corpo inteiro dentro daquele espaço e fecharam as portas. Toda e pouca luz que havia lá fora se acabou e eles ficaram em meio à escuridão. Nessa hora, Michael lembrou-se que poderia ter trazido lanternas, já que suas lembranças da noite passada o avisaram de que havia pouca luz no esgoto.
Eles começaram a descer as escadas apoiando-se nas paredes. E a cada passo o odor fétido do esgoto entrava em suas narinas.
Eles desciam cada vez mais, ao poucos um feixe de luz aparecia ao fundo. Mais algum tempo e eles chegaram ao fim da escada. Havia um pouco de água no chão, deixando seus pés e canelas molhados. Apesar de estarem bem ao fundo, a água brilhava e produzia a luz necessária ali dentro. As paredes eram feitas do mesmo tijolo, mas tinham um formato arredondado, formando um túnel longo e grande.
Michael observava tudo, o ambiente, as paredes, a água. Não queria deixar passar nada despercebido como na noite anterior, quando só o que pensava era tirar Whistler daquelas paredes.
Deu alguns passos, ficando a frente de Chuck e olhou adiante: o escoamento era logo ali e o que vinha depois, Michael não sabia ao certo dizer.
Chuck interrompeu seus pensamentos, quando disse:
-Então o que vamos fazer?Você já sabe?
Michael virou-se e disse:
-Bom, teremos que falar com Bellick, Charlie e Whistler. Eles terão que conseguir as ferramentas necessárias para sairmos daqui.
-E onde cavaremos?
Michael posicionou-se com as mãos na cintura. Olhou mais uma vez para a escuridão do túnel e sério e pensativo, disse à Chuck:
-Provavelmente depois do escoamento Vamos caminhar e ver até onde esse túnel vai dar, depois no fim dele cavamos.
-Quando nós vamos fazer isso?
-Amanhã eu acho, tudo dependo do que conseguirmos.
-Entendi...E agora o que faremos?
-Agora nós vamos voltar lá em cima para o pátio e eu vou conversar com os outros interessados nisso.
Assim eles subiram as escadas em silêncio, atravessaram a porta, a fecharam e voltaram ao pátio. Quando chegaram lá, Michael olhou em volta, Charlie não estava por perto, mas Whistler sim. Michael despediu-se de Chuck e o deixou na companhia da cesta e da bola.


 

Whistler estava escorado em um dos pilares perto da escada que dava acesso ao andar de cima, onde se encontrava a cela de Charlie. O que não agradava os pensamentos de Michael era perceber que praticamente toda Sona já sabia da volta daquele homem. Havia homens cochichando pelos cantos, outros mais desinibidos diziam em alta e bom som que ele duraria pouco e havia também aqueles que preferiam ficar por perto e descobrir o que quer que fosse com Whistler.
Michael aproximou-se e alguns homens recuaram outros permaneceram onde estavam. Whistler olhou de relance para Michael e os dois afastaram-se. Pegaram o corredor da direita.
-Nossa!Que sorte que você apareceu!Não sei mais o que dizer para esses homens.
Michael lhe lançou um olhar um tanto duvidoso.
-Por um momento eu achei que você estivesse se exibindo para aqueles homens.
Whistler desconcertou-se, mas antes de responder Charlie os encontrou.
-Hey, estava procurando vocês.
Michael consentiu e eles foram para cela de Charlie.
 
Whistler escorou-se nas grades e Charlie e Michael permaneceram de pé.
-Eu acabo de voltar do esgoto, onde nós estivemos ontem.
Michael observou por um momento as próprias mãos.
-E... Não direi que isso será fácil, mas contando que sejamos cuidadosos, não vejo porque não iremos conseguir.
-O que quer que façamos, Michael?- Charlie perguntou.
-Bom, precisamos de certas ferramentas que nos ajude, pois a única forma de sairmos daqui é cavando um buraco bem fundo... Só posso pensar que iremos conseguir isso no quarto de Lechero.
Whistler pareceu surpreso.
-Mas como você pensa que irá entrar lá?É a parte mais vigiada de Sona... Até onde eu sei, consegue ser mais bem cuidada do que os próprios portões, se duvidar.
Michael o encarou.
-Você tem razão e por isso que eu precisarei da ajuda de vocês para que possamos sair dessa juntos.
Charlie foi até as grades e checou o movimento lá fora, depois virou-se e disse:
-Então, como você pretende entrar nos aposentos de Lechero?
-Você saberão na hora certa. Antes iremos mais uma vez ao esgoto, desta vez, todos juntos. Seremos eu, vocês, Chuck e Bellick.
Michael levantou o rosto e continuou:
-Amanhã, ao meio dia na minha cela. Conversaremos e depois iremos ao esgoto, certo?
Os dois consentiram. Michael, então, consentiu também e começou a se retirar.
Whistler manifestou-se antes que ele saísse.
-O que Bellick tem a ver com isso?Por que ele irá junto?
Michael virou-se e depois de olhar para os dois finalizou:
-Digamos que levar ele seja um favor para um amigo a quem eu devo muito mais que só a vida.
Whistler pareceu estar convencido, Michael então retirou-se.


Michael e Bellick conversavam.
-Hey, Scofield... Por que ao meio dia?
-Porque sim. É o horário de menos movimento naquele corredor. Como eu disse antes conversaremos e depois iremos lá, não complique isso, Bellick.
-E o nosso almoço?
Michael riu.
-Até parece que você tem algo realmente bom para que possas se alimentar.
Bellick balançou a cabeça em concordância.
-Você tem razão. Bom... Se não tem outro jeito, estarei lá, gênio.
Michael pensou alguns segundos e perguntou:
-Quero saber da Maricruz... E do seu bebê.
Bellick salientou que os dois estavam bem.
-Não se preocupe com isso, assim que estivermos fora daqui, eu direi onde eles estão.
Michael viu que não retiraria nada de Bellick e se afastou. Pegando o corredor que o levaria a sua cela.
Quando chegou não havia ninguém. Sentou-se no chão ao lado do Bellick, como já fizera algumas vezes antes. Permaneceu alguns minutos apenas consigo mesmo, até que Chuck chegasse e ele lhe contasse os planos para o dia seguinte.
-Quanto tempo mais que você acha?
-Para sairmos daqui?
-É, até sairmos.
-Umas duas semanas, talvez um pouco mais eu acho.
-E Lincoln?Ele já sabe que você encontrou Whistler?
Michael olhou para a janela e os guardas que consegui enxergar dali. Voltou a encarar Chuck.
-Não sabe, ele não aparece a dois dias. Não sei mais o que pensar...
Michael admirou os pés, por um minuto, escorado no beliche.
Chuck aproximou-se.
-Hey, ele aparece...Não foi sempre assim?
-É, quase sempre.- Michael disse suspirando e um pouco inconformado.
Sabia que Chuck estava certo, mais cedo ou mais tarde ele apareceria, mas o que incomodava Michael era o fato de que ele estava mantendo-se fora das vistas por um tempo. O que teria acontecido para Lincoln o evitá-lo, numa momento onde cada segundo que eles perdiam era uma chance a menos de sobreviver?

domingo, 2 de novembro de 2008

Prison Break {Capítulo 03x10}

Prison Break
3º Temporada

Capítulo 10
A história de Charlie


Michael fixava o olhar em Charlie e esse andava dentro da cela com as mãos atadas nas costas. Seus olhos examinavam os pés à medida que eles faziam os movimentos. Então subitamente, ele parou de andar e ergueu o rosto.
-Bom, eu vou lhe contar.
Charlie retirou as mãos das costas e com um olhar um tanto perdido, sentou-se ao lado de Michael.
-Eu...-disse e logo interrompeu a si mesmo, era visível que Charlie tentava achar as palavras certas para começar a sua história.- Ok, adiar isso não vai adiantar em nada, só espero que você não me julgue apenas por isso.
Charlie respirou mais uma vez e completou:
-Michael, eu trabalhei por cinco anos para a Companhia.
A surpresa e a desconfiança transpareceram em questão de segundos nas feições de Michael e de imediato ele levantou-se. Charlie se levantou ao mesmo tempo e o segurou nos seus braços. Michael parou onde estava.
-Espere!Eu tenho muito que falar e eu sei que é do seu interesse.
Michael o analisou e olhou para as mãos deles em seu braço. Charlie viu aquele olhar e afastou as suas mãos, esperando por uma reação. Michael respirou fundo e disse:
-Apenas uma resposta e depois eu decido se quero levar adiante isso.
Charlie concordou balançando a cabeça e esperou pela pergunta.
-O que você quer de mim?
-Quero vingança. E eu sei quem você é e o que fez... Pensei que podíamos trabalhar nisso juntos.
Michael, de repente, mudou sua expressão. Agora seu rosto e seus olhos estavam mais serenos. Pensou no que dizer e disse:
-Vou ouvir o que você tem a dizer, caso eu ache que isso não tem fundamento ou que você esta mentindo, eu saio desta sala e não temos nenhum acordo, certo?
-Certo, tenho certeza que você não vai precisar embora.
Michael olhou em volta. Na cela de Charlie haviam duas camas, as duas encostadas nos dois lado da parede, deixando um espaço vazio no meio da cela. Michael e Charlie estavam em pé neste espaço e encaravam um ao outro. Charlie enfim tomou coragem e caminhou até a cama à sua direita. Michael, sabendo que todo o seu tempo era indispensável, tratou logo de fazer o mesmo e sentou-se diante de Charlie na cama da esquerda.
E assim, um de frente para o outro, eles iniciarem aquela conversa.
-Bom, como eu estava dizendo, trabalhei durante cinco anos para a Companhia. Eu tinha uma família, éramos eu, minha mulher e nossa filha, Dulce. Na época, ela tinha 10 anos e sofria de leucemia. Foi quando um cara chamado Peter me procurou. Eu trabalhava para o governo como segurança e ele disse que eu seria muito útil para eles, que eu ganharia mais do que ganhava e que com isso poderia cuidar do tratamento da minha filha. Durante o primeiro ano eu trabalhei sem saber muito bem o que estava fazendo, recebia ordens de pessoas que, às vezes, nem mesmo o nome eu sabia, levava “coisas” a pessoas que desconhecia, era como trabalhar na escuridão. Um dia, eu consegui conversar com Peter, entre um trabalho e outro, e disse a ele que não iria mais trabalhar, que não ia continuar a fazer o trabalho sujo que eles não faziam.
Charlie parou e tomou fôlego, Michael, por sua vez, ouvia tudo atentamente e em silêncio.
-O problema era que eu já estava dentro e minha filha estava cada dia pior. Com o tempo eu descobri tudo sobre a Companhia, disse à minha mulher que trabalharia mais um ano para conseguirmos o dinheiro suficiente para o tratamento da Dulce... Teriam sido quatro anos, mas no último ano eles me manterem lá sob ameaças. E o dia em que eu me atrevi a sair, eles cumpriram uma das promessas e...
O olhar de Charlie perdeu-se em meio a sua explicação e uma de suas mãos passou pelo rosto.
-...E eles mataram a minha mulher.
Michael sentiu o sangue aquecer rapidamente suas bochechas e suas mãos. Viu o remorso, o ódio e o pesar de Charlie. Um pouco envergonhado disse:
-Sinto muito por isso... Mas ainda não consigo entender onde eu me encaixo na sua história.
Charlie levantou o rosto e continuou:
-Bom, eles sabiam que depois daquilo a minha raiva aumentaria. Então com um monte de mentiras e um pouco de verdade nisso tudo também e algumas testemunhas falsas, eles me puseram nesse inferno.
-E sua filha?- Michael quis saber.
-Agora ela está bem. Tem 16 anos e está totalmente curada.
-Quem está com ela agora?
-Ela está sob a guarda da minha irmã e do marido dela, eles moram em Chigado, têm um filho de 8 anos com quem ela está sendo criada.
Charlie levantou-se da cama e foi até a janela.
-Eu ouvi você conversando com aquele garoto, Chuck é nome dele, não é?
Michael consentiu.
-Eles estão com pessoas que você ama, não é mesmo? Charlie voltou a olhar para Michael, esperando sua resposta. Michael tomou coragem e lhe respondeu:
-Sim. Eles têm L. J., meu sobrinho e Sara.
Charlie voltou a sentar. Michael retirou a foto de Sara do bolso e lhe mostrou. Ele a observou por alguns segundos e com os olhos ainda nela perguntou:
-Ela é sua...?-as palavras faltaram a Charlie.
Então Michael respondeu:
-Ela é.
Charlie retirou os olhos da foto e antes de entregá-la disse:
-Ela é linda.
-É eu sei... Você devia ver ela sorrindo.
Michael deu um longo suspiro. Charlie sorriu e tornou a dizer:
-É, ela deve ser realmente muito bonita. Michael, eu...
Michael retirou os olhos de Sara e olhou para Charlie que parecia mais confuso do que durante toda a conversa que tiveram.
-Você procura por Whistler, não?
Michael surpreendeu-se.
-Como você sabe disso?
-T-Bah foi quem me disse. Ele disse que você estava procurando esse homem, um dia desses. Bom, eu acho que sei onde ele pode estar.
Michael levantou-se um pouco irritado.
-Então me diga, logo!
-Antes de qualquer coisa preciso de duas respostas. A primeira... Eles querem uma troca, é isso?
-Sim, eles querem. O que mais você quer saber?-Se eu te mostrar onde esse homem está. Você me promete que me ajudará a sair daqui e me ajudará a acabar com a Companhia?
Michael encarou Charlie e esse sustentou o seu olhar.
-Se você ajudar, prometo que te tirarei daqui, mas eu não estou interessado em vingança, isso você terá que fazer sozinho.
Charlie pareceu pensar sobre o que acabara de ouvir.
-Ok...Saindo daqui, eu acho que posso me virar sozinho.
-Então, vamos!Diga-me onde Whistler está!
Charlie consentiu e lhe contou.
-Esses dias tive que descer no esgoto a mando de Lechero e ouvi barulhos na parede ao fim de um dos corredores. Aproximei-me e parecia que os barulhos aumentavam, chamei por quem quer que fosse, mas não houve resposta. Depois que sai dali naquele dia, conversei com seu amigo Chuck e ele disse que o último homem que levara os lixos para o esgoto a mando de Lechero, foi o Whistler.
-Você acha que esse homem, está atrás de umas dessas paredes?Você tem certeza do que está me dizendo?- Michael não parecia convencido do que ouvia.
-Não tenho certeza do que te digo, mas se não formos lá e se não vermos isso, nunca iremos saber.
Michael admitiu:
-Você tem razão. Vamos lá.
-Agora?Assim no meio da tarde?
-É agora. Eu estou indo, se quiser me siga.
Michael virou-se e foi até a saída da cela, começou a percorrer o corredor e olhou rapidamente para o lado: Charlie estava ali. Era inevitável não pensar na hipótese de que aquilo podia ser uma armadilha. Ele simplesmente o podia matar quando estivessem a sós no esgoto, mas como ele mesmo havia dito, se eles não fossem lá verificar nunca iriam saber. Isso cabia a Michael no momento também.
Chegaram em frente ao esgoto entraram e silenciosamente fecharam as portas. Descerem as escadas em meio à escuridão e ao silêncio de ambos e do próprio ambiente.
Quando chegaram ao fim do corredor onde supostamente Whistler estaria, Charlie manifestou-se:
-É aqui.
Michael foi até a parede e bateu levemente nos tijolos que ali haviam.
-Não será difícil quebrar isso.
-Espere aí, eu já volto.
Michael observou Charlie percorrer de voltou o mesmo corredor pelo qual haviam caminhado e em questões de segundos ele retornou.
-Não sei se isso serve.
Charlie lhe alcançou um machado.
-Onde você conseguiu isso?-quis saber Michael.
-No início do corredor havia um desse. Acho que Lechero deve ter esquecido isso aqui.- explicou Charlie.
Michael pareceu desconfiar do que Charlie dizia. Mas tratou de esquecê-lo e concentrou-se na parede a sua frente. Ela parecia intacta e silenciosa. Chegava a ser engraçado pensar que alguém poderia estar do outro lado.
Os dois chamaram uma, duas vezes por Whistler. Até que na terceira vez pareceram ouvir um ruído.




-Você ouviu?
Michael lhe respondeu que sim, e gritou novamente. Foi então que ouviu algo mais concreto:
-O que vocês querem?
Charlie e Michael surpreenderam-se com aquela voz. Olharam-se por alguns segundos e finalmente Michael disse:-Vamos tira-lo daí, depois conversamos.
Michael aproximou-se um pouco mais da parede e começou a botá-la a baixo e ao mesmo tempo ouvia o homem dizer que não queria sair dali.
Em menos de um minuto, Michael já havia largado o machado no chão e ele e Charlie observavam o homem que estava diante deles.
Ele estava extremamente sujo. Sua camisa aparentava ter sido branca um dia. Vestia um jeans, tinha cabelos castanhos, os olhos Michael não sabia dizer de que cor eram.
-Você é Whistler?- perguntou Michael.
-Sim, sou eu. Escuta, eu não posso sair para rua, porque olha existem pessoas que estão a minha procura e se alguém me ver e...
Michael o interrompeu:
-Hey, você não tem opção!Você vai subir com nós e lá conversamos, ok?
Whistler parecia extremamente agitado aos olhos de Michael e Charlie.
-Mas e se me pagarem e se...
-Você terá que confiar em nós. –depois de dito, Charlie pegou o machado que estava no chão- Agora vamos.
Os três caminharam de volta a parte superior de Sona. Quando fecharam a porta do esgoto, trataram logo de irem até a cela de Charlie.
Lá lhe deram um pedaço de pão e um pouco de água que Charlie tinha guardado. Depois de ver Whistler mais calmo e alimentado, Michael perguntou:
-Nós precisamos saber o que você significa para a Companhia.




Whistler demorou um pouco a responder. Mas enfim admitiu que fora contratado para um trabalho que era descobrir um lugar através de coordenadas que eles haviam lhe dado.
-Fui preso quando estava em uma ilha de entrada restrita. Até hoje não sei o porquê ao certo disso. Quando soube que você estava aqui e que sabia sobre eles, tratei logo de me esconder.
Michael ajeitou-se onde estava sentado e perguntou:
-Você sabe que a sua namorada está te procurando?
-Sofia?Você sabe algo sobre ela?Eles não a pegaram... Pegaram?
-Não, não pegaram. Ela está bem. Meu irmão e ela têm se encontrado e pelo visto ela parece não saber que nos últimos tempos você estava trabalhando para essa gente, certo?




Michael encarou Whistler. Desta vez pode olhar bem dentro de seus olhos. Eles eram castanhos claros. Seu olhar era esperto e ligeiro.
-Não, ela não sabia e nem sabe. Pensa que o tempo todo fui um pescador.
Michael consentiu. Levantou-se e disse à Charlie.
-Estou indo. Ele fica com você aqui. Amanhã conversaremos melhor sobre tudo isso.
Whistler pareceu não se agradar muito da idéia de ficar a sós com Charlie. Esse, por sua vez, concordou e Michael os deixou.




Quando Michael chegou à sua cela. Chuck estava debruçado sobre o peitoril da janela.
-Hey, como você passou o dia?
Chuck virou-se.
-Ah, perambulei por aí, como sempre.
Os dois sentaram-se lado a lado.
-Escuta, não sei se já te disse, mas...Linc irá ajudar a sua mãe.
Chuck concordou com um sorriso.
-Você parece cansado.
-Eu estou,-confessou Michael- mas antes de deitar preciso lhe contar uma coisa.
Chuck e ele olharam-se.
-Estou ouvindo.
Michael lhe contou sobre tudo que acontecera desde que saíra da cela pela manhã. Sua conversa com Sucre e com Charlie e seu encontro com Whistler. Não se preocupou em esconder nenhum detalhe que fosse. Ele realmente confiava em Chuck e esconder-lhe algo no momento, parecia até egoísmo de sua parte, depois de todo o apoio que ele estava lhe dando.
-Então você acha que não podemos confiar em nenhum dos dois por inteiro...E mesmo assim eles participarão da fuga?
-É, eles participarão.
-E nos iremos cavar?
-É nós iremos cavar.
-Então está bem... Acho que entendi tudo.
Os dois olharam-se e riram.
-Acho que vou dormir cara e acho que você deveria ir para cama, também.
Michael sorriu novamente e disse:
-Vá então, vou esperar mais um pouco. Boa noite.

Chuck se deitou e Michael o observou cair no sono. Depois de alguns minutos, ele subiu no beliche e fez o mesmo.
Tentou esvaziar a sua mente e todas as coisas ruins que estavam nela. E lá dentro, na sua solidão, procurou por Sara; mesmo longe ela sempre estaria dentro dele.
Adormeceu pedindo a Deus que ela estivesse bem e que tudo aquilo acabasse logo.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Prison Break {Capítulo 03x09}

Prison Break
3º Temporada

Capítulo 9
O velho Charlie

Lincoln se contorcia na cama. Imagens de pessoas surgindo do nada e atacando Michael, L. J. e Sara atormentavam seus sonhos logo pela manhã. Com um grito agudo acordou assustado, suas roupas do corpo e da cama estavam ensopadas. Sentiu uma gota de suor escorrer pelo seu rosto, produzindo um arrepio longo por todo o seu corpo.
Sentou-se, escorou-se no travesseiro e respirou fundo por alguns segundos. Tentando não pensar em nada, levantou-se foi até o banheiro e lavou o rosto. Logo depois encarou a si próprio no espelho acima da pia, havia muitas perguntas em seu interior, mas a que mais lhe atormentava era: Quando aquilo tudo iria finalmente terminar?
Não havia nada pior do que aquela sensação de impotência que estava sentindo nos últimos dias. Ficar parado e esperar não era bem o seu forte, mas a sensação era exatamente essa, a de estar parado esperando que “outros” lhe dissessem o que devia fazer a seguir.
Comeu alguma coisa, tomou um banho. Foi até a cama e sentou-se diante a grande janela que havia em seu quarto. Admirou um pouco a vista e enfim tomando coragem ligou para Bruce.
Conversaram pouco. Lincoln apenas o agradeceu por tudo, dizendo que o melhor no momento era que ele se afastasse. Garantiu que qualquer outra notícia ele telefonaria.
Assim que desligou o telefone, ele tocou novamente. Lincoln olhou o visor: número não identificado. Sabendo que poderia ser Michael, ele atendeu:-Alô?!
-Lincoln?
-Sim, é ele.
-Aqui é a Susan.
Lincoln sentiu as bochechas rosarem, o sangue realmente parecia estar subindo-lhe a cabeça.
-Como estão Sara e L.J.?
-Antes de mais nada Lincoln, nós precisamos conversar sobre Whistler...Seu irmão não o encontrou não é mesmo?
-Não, ele não encontrou, mas você não nos deu um prazo...E eu sei que em alguns dias...
-Linc, eu não tenho tanto tempo quanto vocês pensam. A questão é...Eu quero que Michael encontre Whistler até o fim desse semana, caso contrário, você terá não só uma correspondência, mas duas para receber.
Lincoln respirou, e lutando para se concentrar naquela conversa perguntou:
-Sobre o que você está falando?Que correspondência?
Lincoln ouviu a risada carregada de cinismo que Susan dera do outro lado da linha.
-Você verá, você verá...E assim que Michael encontrar Whistler, nos falamos novamente. Tenha um ótimo dia, Borrows.
Ela desligou, antes mesmo que Lincoln pudesse descontar a sua raiva.
Colocou o celular no bolso da calça e saiu do apartamento.




Michael levantou-se aquela manhã e depois de descer do beliche, foi até a janela. Lá fora, além da terra do chão e das grades a uns 50 metros do muro de Sona, haviam também cabanas onde os guardas ficam monitorando tudo, dia e noite.


Ele já havia observado que na entrada de Sona haviam três cabanas e nos fundos apenas duas. Isso significava que por trás era mais fácil sair despercebido. Virou-se e viu que Chuck estava despertando. Ainda deitado na cama ele o olhou e disse:
-Bom dia.
Michael retribui:
-Bom dia.
Chuck se espreguiçou, depois de sentar-se.
Michael, de cabeça baixa, admirava o cisne de origami que estava em suas mãos.
-Michael!
Ele levantou o rosto e o encarou:
-O que foi?
-O que é isso?
Chuck apontou para o pássaro.
-Uma cegonha.
-Eu sei, mas por que você está com ela?
-Lincoln o deixava todas as manhãs na minha cabeceira, antes de sair. Alguns anos mais tarde eu descobri que significava comprometimento familiar. Lincoln queria dizer que eu não estava sozinho, mesmo com ele longe.
Michael suspirou e olhou para o origami novamente, então disse:
-E durante um tempo eu o usei para me comunicar com a Sara.
De repente um fleche do rosto de Sara sorrindo para ele passou na frente de seus olhos cansados. E a voz dela dizendo “Michael, eu sentirei sua falta sempre” lhe ocorreu aos ouvidos.
Chuck viu sua expressão séria, levantou-se da cama e aproximou-se.
-Desculpa por isso, mas eu ouvi a sua conversa no celular ontem.
Michael surpreendeu-se.
-Era ela... Não era?
Michael deu longo suspiro que mais parecia uma eternidade e levantou os olhos:
-Era ela.
-Quando você acha que sai daqui?Você acha que conseguirá salvá-los?
-Não sei todas as respostas que eu gostaria de saber, Chuck... Mas, se eu não conseguir sair ou salvar eles, eu morrerei tentando.
Chuck apenas continuou a olhá-lo. E Michael guardou o origami.
-Espero que você consiga e eu vou fazer o possível para ver você conseguir.
Ouvir aquilo preencheu um vazio dentro de Michael.
-Obrigada, é bom saber que eu tenho você.
Os dois sorriram um para outro, Michael disse que precisa falar com Sucre e deixou Chuck sozinho.




Depois de atravessar o pátio, caminhou por um corredor vazio, e observou alguns homens fazendo comida em uma panela pequena. Olhou dentro dela: haviam restos de frango, a maioria era ossos com pouca carne. Apesar da visão não ser muito agradável ou boa, sentiu o estômago roncar.
Andou mais um pouco e chegou as grades. Avistou Sucre cavando um buraco e ao seu lado vários corpos empilhados uns sobre os outros. Um frio percorreu-lhe a espinha: tinha presenciado todos aqueles homens morrerem brutalmente nas lutas que haviam em Sona.
Michael aproximou-se das grades e gritou pelo nome do amigo.



-Sucre!
De longe, ele viu Sucre parar de cavar e limpar o suor do rosto. Logo eles estavam frente a frente.
-Como tá, irmão?Achei que tinha esquecido de mim.
Michael sorriu de leve.
-Já estive melhor. E eu não esqueci de você.
-É, você tem razão já estivemos melhor.
-Sucre, eu falei com o Bellick.
Michael relatou precisamente sua conversa com Bellick. Depois Sucre perguntou por L. J. e Sara e ele lhe contou os últimos acontecimentos.
-Então você terá que fugir de novo?
-É, depois disso tudo, não tenho mais o que fazer. Sara, L.J. e Maricruz não podem esperar.
Sucre forçou um sorriso e depois em tom preocupado, perguntou:
-E você está disposto a levar o Bellick junto?
-Acho que Bellick não vai matar ou estuprar como T-Bag, então isso não chega a ser um problema.
Os dois riram. Michael encontrou os olhos de Sucre e disse:
-Precisarei da sua ajuda para sair daqui.
-Fala, Michael. Farei o que precisar.
-Bom, eu vou ter que cavar um buraco bem fundo, se quiser sair daqui e como você é o coveiro.
Os dois riram novamente. Sucre esfregou os olhos.
-O que você está planejando?
-Bom, tem os canos do esgoto lá em baixo, vou começar a cavar ali, Bellick e Chuck vão ter que ajudar. Vou cavar nessa direção.
Michael apontou para além das grades que determinavam o limite de Sona e continuou explicando:
-Sei que você enterra os corpos lá fora, depois das grades. Quando nós já tivermos cavado bem fundo e tiver ultrapassado as grades ou pelo menos o muro, você vai ter que dizer aos guardas que está usando o buraco para enterrar os corpos todos juntos.
Sucre concordou, mas depois quis saber:
-Mas e se eles quiserem checar lá dentro?
-Ok, pensei nessa hipótese também. Talvez você possa colocar no fundo uma madeira e logo acima alguns corpos. O suficiente para convencê-los e suficiente para que não desabe tudo.
-Ok, acho que posso fazer isso.
-Assim que eu tiver algo novo voltamos a nos falar, ok?
Sucre concordou e eles despediram-se.




Michael voltou a Sona, procurou Chuck pelo pátio, mas não o achou. Decidiu então ir até a cela deles, mas quando chegou lá, Chuck não estava, mas T-Bag sim.
Michael parou onde estava quando o avistou. T-Bag havia sentado no beliche e remexia nos poucos cabelos com a mão que ainda lhe permitia movimentos.
-Scofield...
-O que você está fazendo aqui?-Quis saber Michael.
-Eu vim ter uma conversinha com você. Por quê?Agora Sona tem limites demarcados?
-Não, Sona não tem limites. Mas você já devia saber que não é bem vindo aqui.
Michael passou por ele e aproximou-se do beliche. T-Bag virou-se para mirá-lo.
-Eu falo sério, Theodoro. Diga logo o que você quer, porque eu não tenho tempo a perder.
-Ah, não tem tempo a perder?Por que será, Scofield?Por acaso você tem estado distraído com alguma coisa?
-Isso não é da sua conta. Vamos diga logo o que você quer!
Michael lhe lançou um olhar perfurante. T-Bag aproximou-se dele cuidadosamente.
-Pelo que eu o conheço você já deve estar imaginando uma maneira de sair daqui, não é mesmo?
Michael se sobressaltou e começou a gritar:
-Ah!Então é isso?Você está pensando que eu vou te ajudar a sair daqui?!
Mas você está muito enganado!Saia, agora!
Michael balançava o braço em direção à saída da cela. T-Bag calou-se, fez menção de sair, mas ao invés de fazê-lo, finalizou:
-Ok, Scofield. Eu não queria irritar você, muito menos pedir para você me tirar daqui. Até porque, se desta vez você tentar, não sei se você se sairá bem. Na verdade, aquele velho, o tal de Charlie, pediu que eu viesse aqui e te lembrasse que você deve uma conversa à ele.
Sem mais comentários, T-Bag deixou a cela e Michael com seus pensamentos: seria tão importante assim o que Charlie tinha a dizer a ponto de mandar T-Bag lhe lembrar disso?Não pensou mais e foi atrás de respostas.
Não levou muito tempo até que ele o encontrasse em uma das celas do outro lado do pavilhão. Charlie admirava a vista que tinha da sua janela com uma expressão leve em sua face. Michael chegou tão apressado que bateu em objeto não identificado que havia entre as grades, produzindo um barulho que ecoou por todo o corredor. Charlie se sobressaltou-se com o estrondo e deixou a paisagem da janela.
-Ah!Você veio. Quer sentar?Queria muito conversar com você.
Michael lhe lançou um olhar desconfiado, por fim sentou-se.
-O que você tem a dizer de tão importante a ponto de mandar o T-Bag até a minha cela?
-Bom, se é assim tão importante ou não, isso é você quem vai me dizer.
Michael o olhou novamente.
-Então o que você tem para me dizer?
Charlie coçou a barba, antes de dizer:
-Tenho algo para lhe contar, algo para lhe propor e também tenho uma informação que acho que lhe pode ser útil... O que você quer ouvir primeiro, Michael?
-Comece me dizendo quem você é e por que está aqui.
Michael suspirou ao fim e esperou ansioso por aquela conversa.

domingo, 5 de outubro de 2008

Prison Break {Capítulo 03x08}

Prison Break
3º Temporada

Capítulo 8

A ligação

Sara começava a acordar. Sentia uma leve dor na cabeça, provavelmente por causa do baque que levara. Tentou se mexer, mas percebeu que estava sentada em uma cadeira com os pés e as mãos amarrados. Ainda com a visão um pouco nublada, levantou a cabeça, e sentindo os raios de sol cegarem-na mais ainda, olhou a frente: enxergava uma janela aberta com as cortinas brancas e bordadas; dali também via-se a rua deserta e dois carros estacionados.
Foi surpreendida com um barulho de cadeira arrastando e olhou para o lado.
Havia mais pessoas ali com ela. Um garoto estava sentado em outra cadeira a uns três metros da sua. E um homem, em pé ao lado dele, apontava uma arma para sua cabeça. O homem disse:
-Está na hora de fazer as apresentações.
Ele abaixou a arma e caminhou até o centro da sala, para que os dois, o garoto e Sara, pudessem enxergá-lo.
-Bom, vamos começar pelas damas; Sara eu sou John e como você já deve supor, este é L. J.
Sara sentiu seus batimentos acelerarem, John havia confirmado suas dúvidas. O garoto era L. J.
O homem deu alguns passos a direita e parou diante de Sara.
-E esta L. J., é a namorada do seu tio Michael.
A expressão no rosto de L. J. assustou-se.
Houve um barulho e a porta se abriu. Peter, com quem Sara havia tido uma conversa, dois dias antes, entrou na sala. Ele carregava consigo um celular na mão direita e uma arma na cintura, caminhou até John, cochichou algo em seu ouvido, logo se virou e disse a Sara:
-Ok, Sara, está na hora de você cumprir com o nosso acordo.
Peter foi até Sara, desamarrou suas mãos e pés e tirou a fita de sua boca. Ela permaneceu imóvel.
-Aqui está o celular.
Peter alcançou o celular a ela, que o pegou nas mãos e com calma e firmeza.
-Você vai ligar e dizer exatamente o que eu disse, caso contrário você nem ao menos vai poder se despedir dele.
Peter se afastou um pouco de Sara e esperou que ela fizesse o que lhe foi imposto. John ainda firmava a arma em direção a L. J., que cada vez mais mostrava seu pavor.
Os três atentamente observavam Sara se preparar para discar o número.
As mãos e o corpo dela tremiam ao tocar em cada tecla. Iria falar com Michael em poucos segundos, e só de pensar em ouvir a voz dele, seu coração ficava inquieto dentro do peito. Mas sabia que aquilo não era uma coisa extremamente feliz e, mesmo sabendo disto, aquilo tinha que ser feito e a hora era aquela.




Longe dali, amanhecia em Sona, os homens caminhavam no pátio, estendiam suas roupas nas sacadas e comiam e bebiam o pouco que tinham.
Graças a Chuck, Michael conseguira se alimentar bem até ali, com um pouco de comida roubada que conseguia para ele . Lechero controlava até os alimentos que entravam e saiam de Sona e raramente mandava seus capangas entregarem algo na cela deles.
Michael ainda deitado no beliche observava a foto de Sara. A necessidade de vê-la bem, aos poucos, estava se tornando agonizante. Lembrava dos bons momentos que passara com ela em Fox River e desde então tudo o mais que acontecera. Sentia-se tão culpado, tão ignorante, por ter deixado-a participar de tudo aquilo. Ele não tinha o direito, ele pensou só em si, quando a quis por perto.
Desceu do beliche e guardou a foto em baixo do travesseiro junto com o celular.
Deu alguns passos em direção ao corredor e foi quando aconteceu. Ouviu o celular tocar, voltou correndo e o segurou nas mãos e o observou tocar por alguns segundos, antes de respirar fundo e atender:
-Alô?!
Então ouviu:
-Michael?!
Aquela voz preencheu-lhe os ouvidos, numa mistura de alívio e prazer. Era ela, era Sara. Ouviu-a repetir:
-Michael?Você está aí?



Ele se apressou em dizer:
-Sim, sim, estou.
-Eles me pediram para ligar.
-Eu preciso saber como você está.
-Estou cansada, mas estou bem. E você como está?
Michael sentiu sua voz vacilar.
-Eu estou bem, também.
-Michael, me escuta... Eu sinto a sua falta e eu quero que isso acabe, mas você precisa fazer o que eles querem.
Michael recostou-se na parede e perguntou:
-O que eles querem desse tal de Whistler?Por quê ele?
Antes de Sara responder, ele ouviu um gemido de L. J. no fundo.
-Não sei, não sei ao certo...Mas Michael, eu preciso muito saber, você viu o que eu segurava na foto?
-Sim, eu vi.
-Você conseguiu alguma informação?
-Sim, Sara.
Michael sentiu Sara suspirar do outro lado da linha. Ouviu alguns barulhos e uma voz desconhecida.
-Eu quero que você preste muita atenção ao que eu vou lhe dizer, ok?
Michael sabia que a qualquer momento ela iria chorar. Também sabia que a qualquer momento eles a mandariam desligar.
O coração dos dois batia tão aceleradamente ao ouvirem a voz um do outro e ao saberem que ainda estavam vivos. Mas para desespero de Sara, ela sabia o que aqueles homens pretendiam e sabia o que eles fariam depois que ela desligasse aquele celular. Respirou mais uma vez, prendeu o choro e então disse:
-Nem tudo o que você deduz é certo, tendo essa informação trabalhe nela.
Michael absorveu aquelas palavras e tentou memorizá-las na mente.
-Ok, eu entendi e as gravei. Escuta...L. J. está bem?
-Está, está bem...Não fizeram nenhum mal à ele.
Houve um silêncio. Sara sentiu uma lágrima escorrer. Tinha que dizer aquilo, simplesmente tinha que dizer.
-Michael, ainda está aí?
-Estou.
-Eu acho que isto é uma despedida.
De um lado Michael sentiu o coração apertar, do outro Sara viu Peter se aproximar e lhe apontar a arma. Sentiu um calafrio percorrer-lhe o corpo e se apressou em dizer:
-Sentirei a sua falta sempre.
-Sara, eu te amo...
Sara segurou-se para não chorar mais um vez, dizendo:
-Também te amo...
-Vou sempre amar. E nós ainda iremos nos ver novamente. Acredite nisso, por nós, em nós. Ainda há esperança. Eu vou dar um jeito de salvar vocês, e vai dar certo.
-Michael, tenho que desligar...
-Sara, não...
-Nunca esqueça que eu o amo...
-Sara, espera...Não me deixa!
Michael ouviu um barulho, inconfundivelmente de uma arma disparando e depois o clic: Sara já não estava mais na linha.
Seus olhos não aguentaram mais e se desmancharam em lágrimas, recaiu sobre a parede ao lado do beliche e nessa posição chorou tudo o que podia.



A noite havia chegado e Michael permanecia no mesmo lugar que havia sentado e chorado horas antes. Por um momento, achou que não teria forças para levantar-se dali, mas assim que Chuck adentrou na cela e disse que Lincoln o esperava lá fora, ele reuniu todo o seu esforço e levantou-se.
Chuck aproximou-se dele e antes que pudesse dizer qualquer coisa, Michael perguntou:
-Em que hospital sua mãe está?
Chuck sobressaltou-se e olhou compenetrado.
-Por que você quer saber isso, cara?
Michael foi até a sua cama e pegou um pedaço de papel que encontrou e enquanto Chuck o observava, ele o rasgou e alcançou-o a ele.
-Escreva aqui, o nome do hospital, o nome dela, e qualquer outro dado que você lembrar.
Chuck ficou olhando para as mãos de Michael e para o papel que elas seguravam, como se estivesse pensando sobre o assunto. Depois, rapidamente, pegou e escreveu nele o que Michael pedira.
-Aqui...
Michael pegou o pedaço de papel e o guardou no bolso.
-Vou pedir para Lincoln ajudá-la, ok?
Michael observou os olhos de Chuck lacrimejarem outra vez, depois ouviu:
-Não sei o que dizer, Michael.
-Você sabe que não precisa dizer, agora eu tenho que ir.
Michael já estava saindo quando Chuck disse:
-Eu tenho um irmão, ele trabalha sempre no centro do Panamá numa dessas banquinhas, seu nome é Simóm. Diga para Lincoln avisá-lo que... Bom, você sabe.
Michael apenas assentiu e deixou a cela.




Ele se aproximava das grades.
-Como você está, cara?
-Bem e você, Linc?
-To bem também...Espera, Michael!
Lincoln olhou bem fundo dentro de seus olhos.
-Você chorou?
Michael aproximou-se mais das grades e disse em tom apreensivo:
-O telefone tocou.
-Como?Quando?
Lincoln estava um tanto espantado e Michael tratou de lhe contar o ocorrido.
-O que você acha que ela quis dizer com “Nem tudo o que você deduz é certo, tendo uma informação trabalhe nela.”?
-Eu pensei e cheguei a uma conclusão. Lembra quando eu disse que nós teríamos que ir ao Centro de Pesquisa, assim que sairmos daqui...?
-Lembro.
-Sara deve ter deduzido isso. Se eu não deduzi certo, significa que essa informação não é o endereço que conseguimos.
Lincoln fez cara de inconformado.
-Michael, mas com ela sabia do Centro de Pesquisa?As coisas não se encaixam. Ainda está tudo muito confuso.
-Eu sei, eu sei. Penso que ela pode ter estado neste lugar e depois a levaram para outro. Pode ser isso.
Lincoln suspirou, depois consultou o relógio em seu pulso e voltou a olhar para o irmão.
-Escuta, conheci uma pessoa ontem que diz ser namorada do tal do Whistler.
Lincoln contou tudo o que acontecera á ele no dia anterior, desde o telefone que fizera a Josh até o momento que salvara Sofia de um dos homens da Companhia.
-O que ela disse sobre o Whistler?
-Levei ela para o apartamento, tentei não contar muito de nós, de tudo isso, mas foi quase impossível. Ela disse que namora o tal do Whistler a uns três anos, disse que ele foi preso em Sona a uns dois meses e que desapareceu no último mês.
Michael consentiu.
-E o que disse a ela de nós?
-Tive que dizer que a Companhia está com L. J. e Sara e que eles querem Whistler em troca.
-De que lado você acha que ela está?-Não sei, ela pareceu meio perdida, sem saber no que acreditar, mas com certeza não sabia o que a Companhia era.
-E esse homem que você fez desmaiar?O que ela disse sobre ele?
-Disse que ele a procurou há uma semana e que estava mantendo contato com ele desde então. Falou também que ele queria que ela persuadisse Whistler a aparecer e quando ela disse que não sabia onde ele estava, ele não acreditou. Então... Você não o achou?
Michael admirou os pés antes e responder:
-Não, não achei.
-O que faremos, Michael?
Michael apenas o olhou por um longo tempo.
-Primeiro quero que você ajude uma pessoa com o dinheiro que sobrou e que você pegou com Josh.
-Quem?
-A mãe do meu colega de cela. Ele irá me ajudar com a fuga e é quem tem conseguido as demais coisas de que eu preciso aqui.
Michael passou entre as grades o pedaço de papel que Chuck havia lhe entregado.
-O irmão dele trabalha no Centro do Panamá, em uma daquelas banquinhas, o nome dele é Simóm. Avise ele que nós estamos ajudando-a.
-Tudo bem, eu farei. Não quero estragar com isso, Michael. Mas há coisas mais importantes do ficar ajudando os outros agora, você não acha?
-Acho que esse dinheiro eu que me preocupei em guardar quando eu fui para Fox River te ajudar. E agora acho que seria bom se ele pudesse ajudar a mãe de um amigo.
Lincoln engoliu em seco as palavras que ouvira do irmão. Por fim desculpou-se:
-Ok, me desculpa. Como você disse o dinheiro é seu, faça o que achar melhor.
-Quanto a Whistler, a fuga, e a todo o resto. Eu vou continuar procurando esse homem, continue falando com a Sofia e qualquer coisa que você conseguir, me procure.
Lincoln concordou e finalizou:
-Michael...
-Sim?
-O tiro que você disse que ouviu, você não acha que poderia...
Michael não o deixou terminar:
-Não, Linc, isso não aconteceu, Sara e L. J. ainda vivem, mas estão em perigo e é por isso que eu chorei hoje e é por isso que nós estamos aqui lutando e é por isso que nós temos que acreditar que eles estão bem.
Sem mais palavras, eles se despediram.

domingo, 28 de setembro de 2008

Prison Break {Capítulo 03x07}


Prison Break
3º Temporada


Capítulo 7
A procura de Whistler

Assim que Michael entrou em Sona novamente, procurou por Chuck. Encontrou-o no pátio junto de seus amigos. Aproximou-se e cumprimentou a todos.
Chuck pareceu perceber que algo estava errado e perguntou:
-Quer conversar?
Michael apenas balançou a cabeça dizendo que sim.
Os dois afastaram-se um pouco e Michael silenciosamente disse:
-Você conhece alguém chamado Whistler?
-Whistler?
-É. Conhece?Sabe onde eu posso encontrá-lo...?
-Conheço, mas não sei se você vai conseguir encontrá-lo, Michael...
-Por quê?
Chuck olhou em volta como se tentasse se recordar de algo e enfim respondeu:
-Ele esteve preso aqui... Por um bom tempo, mas depois assim como se nunca tivesse posto os pés aqui, sumiu.
-Como assim sumiu?Você acha que ele fugiu?
-É o que dizem, mas provas disso não há... E pelo que eu já disse a você antes, fugir de Sona não é a tarefa mais fácil do mundo.
Michael concordou com o que Chuck dizia e olhou em volta também.
-Ok, escute...Terei que procurar esse homem, então caso você saiba qualquer coisa, me procure.
Chuck consentiu e Michael começou a se afastar.
-Hey, Michael!
Michael virou-se.
-Por quê você precisa desse homem?
Ele aproximou-se mais e completou quase sussurrando:
-Porque a Companhia o quer em troca da Sara e do L. J.
O misto de surpresa e compaixão foi visível na expressão de Chuck.
Chuck contemplou as mãos e por fim disse:
-Qualquer coisa, avisarei.

Michael agradeceu e foi embora, levando consigo um pouco de medo dentro do peito, não sabia o que aquele homem misterioso podia representar para a companhia e até mesmo para ele, que agora teria que incluí-lo em sua possível fuga. Seu coração pedia por outra pessoa, a cada dia seus pensamentos e suas respostas se tornavam mais urgentes. Mais um dia sem notícias concretas, e ele perderia o chão.
Prosseguiu a sua caminhada pelos corredores de Sona, até avistar um pequeno homem que carregava uma bolsa no ombro, sair de uma das celas as gargalhadas. Michael parou ao lado de um pilar e apenas observou de longe.
Viu-o contar um bolinho de dinheiro e depois colocá-lo no bolso traseiro das calças. Ajeitou a bolsa no ombro e deu alguns passos a esquerda.
Michael saiu de trás do pilar e aproximou-se da cela da qual o homem havia se retirado há alguns segundos. Parou e olhou lá dentro.
Nesta cela, havia um beliche igual ao seu e uma cadeira velha em um canto. Michael observou melhor, em seu assento havia agulhas. Caminhou até a cadeira e foi então que o viu atirado sobre a parede tremendo.
-Alex!
Ele abriu os olhos ligeiramente e tentou levantar-se, mas não conseguiu aguentar o peso do próprio corpo. Michael foi até ele e o segurou. Mahone aceitou a ajuda e apoiou-se em seu ombro. Michael o conduziu até o beliche e o deixou lá.
-Está se drogando, Alex?
Mahone trocando as palavras, respondeu:
-Aqui não tinha muitas opções, Michael. Tive que me virar.
Michael ainda perturbado com o que estava presenciando, disse: -Eu não tenho nada a ver com o que você faz da sua vida, mas se você continuar assim, não vai durar muito aqui dentro.
Mahone ainda suava frio e seus cabelos estavam revirados, com muito esforço ergueu a cabeça novamente.
-Você ainda não me perdoou pela morte de seu pai, não é mesmo?
Michael caminhou mais para perto.
-Por qual motivo eu perdoaria?Aliás, existe algum motivo?
-E se eu dissesse que me arrependo disso e de tudo o que fiz para você e se eu dissesse que me arrependo de metade das coisas que fiz na minha vida?
 
Michael ficou olhando-o. Não distinguia mais o que sentia por Mahone, não era mais ódio, por vezes pena, por outras algo que nem mesmo ele sabia nomear.
-Eu só espero que você encontre o seu caminho e que pare de recorrer a essas coisas, para tentar esquecer os seus erros que cometeu.
Mahone apenas abaixou a cabeça. Michael o olhou por alguns segundos mais e depois o deixou.
Caminhou apressado tentando esquecer aquilo. Voltou ao portal do pátio.
Avistava alguns rostos conhecidos, avistava Chuck e seus amigos no mesmo lugar de sempre. E mais ao longe sentado na escada que dava acesso ao segundo piso, Bellick.
Pensou, pensou e pensou. Podia se arrepender daquilo, mas no momento ele pensava apenas em Sara e L. J., e isso era o suficiente para fazê-lo e não arrepender-se depois.
Retirou as mãos da cintura e começou a andar, percebeu ao atravessar o pátio que muitos ainda o olhavam com aquela estranheza que ele já reparara outras vezes. Aquilo não lhe era intimidador, mas também não era nada cômodo.
Ao se aproximar de Bellick, esse rapidamente levantou-se. Michael fez um movimento com a mão, pedindo que ele continuasse sentado, ao que Bellick obedeceu.
-Você quer mesmo participar disso?
-E eu preciso responder, Michael?
-Ok, escute... Já ouviu esse nome: Whistler?
Bellick franziu levemente a testa.
-Não, mas o que esse homem tem a ver com a nossa saída daqui?
Michael fez cara de entediado e impaciente olhou em volta.
-Tudo.
Bellick levantou-se e parou ao seu lado no pilar.
-O que nós temos que fazer?Achar ele?Para quê?Para quem?
-É melhor você não saber de nada disso. Só procure-o, ok?Se você conseguir isso, está dentro.
Michael distanciou-se e Bellick gritou:
-Hey, Michael, mas como eu vou achá-lo se eu só sei o seu nome?
Michael apenas tratou de voltar para cela e não respondeu.
Quando chegou, deitou-se na cama e assim ficou. Tinha uma dor muito forte na cabeça e uma fome grande também que podia ser conseqüência de sua dor.
Pensou na hipótese de não achar aquele homem. O que aconteceria?
O que afinal a Companhia estaria querendo com ele?Sua dor parecia que piorava quando começava pensar em tais em questões. Virou para o lado e assim sem nem ao menos perceber, adormeceu.




Lincoln caminhava nas ruas do Panamá. Procurava por um telefone público para que pudesse ligar para os três números que continha no pequeno pedaço de papel que havia na sua mão. Ele conseguira mais cedo ligar para o hotel de Josh e a recepcionista lhe passara os três números que ela tinha.
Passou na frente de um bar amplo e aparentemente aconchegante e lembrou-se que fazia seis horas que não comia nada. Em frente havia um telefone público, foi até ele, escorou-se e digitou o primeiro número de sua lista.
Ouviu o telefone chamar algumas vezes e depois cair na secretária.
Tentou novamente e o mesmo aconteceu. Discou o próximo número e esperou. Chamou duas ou três vezes e por fim o conseguiu.
-Alô?!Quem fala?
-Acho que você que deveria se identificar.
Lincoln respirou e disse:
-Ok, eu sou Lincoln, gostaria de falar com o Josh.
-É ele. O que seria, Lincoln?
-Eu sou o irmão do Michael...Michael Scofield.
-Lincoln Borrows?
-É, sou eu.
-Esperava esta ligação, mas não tão tarde.
-Ok, então você tem o dinheiro...?
-É, eu tenho.
-Ok, eu ainda preciso te pedir outro favor...
Lincoln pediu a Josh que alugasse o apartamento no Panamá e que ele lhe mandasse o dinheiro por uma pessoa, a mesma que fosse lhe entregar as chaves de tal.
Conversaram por mais alguns minutos, então despediram-se e Lincoln foi até o bar. Entrou, observou a freguesia e sentou-se em uma das mesas ao ar livre.
Sentado ali, conseguia olhar para a rua e para as pessoas que caminhavam nela e ao mesmo tempo para o movimento do bar também. Esperava pelo garçom e assim que ele saiu de trás do balcão e começou a vir em sua direção, ele avistou um homem e uma mulher discutirem na mesa ao lado. O garçom aproximou-se.
-O que você deseja, senhor?
Lincoln ainda observava a briga na mesa ao lado. A mulher que era magra e de pele morena e cabelos lisos acabara de levantar-se e segurando a bolsa começou a caminha em direção a saída.
-Senhor?
Lincoln dispersou-se e voltou a realidade.
-Ah, sim?
-Eu perguntei o que o senhor deseja...
-Ah, desculpe. Eu tenho que ir.
Lincoln pegou o casaco que estava na cadeira ao lado e levantou-se.
Viu que o homem da mesa que observava
estava indo atrás da moça e essa por sua vez ainda caminhava com passos fortes.
-Hey, Sofia...Espere, é melhor conversarmos.
Lincoln continuou seguindo-os. Viu-os dobrar a esquina ao lado do bar, então parou e os observou dali. A mulher, cujo homem havia chamado de Sofia, parou bruscamente e olhou para os lados, parecia finalmente ter percebido que entrara num beco sem saída. Viu-a, então, virar-se e encarar o homem.
-Eu não vou pedir nada ao James, antes que você me diga o que você e essa gente quer dele.
O homem aproximou-se mais dela, dizendo:
-Eu aconselho você a pensar melhor e concordar em falar com o Whistler, ok?
Lincoln sentiu o sangue congelar. “Whistler”, o homem que Michael devia tirar da cadeia.
-Não, já disse. Eu quero saber.
Lincoln viu o homem aproximar-se mais e começar a retirar ao de dentro do palito. Sabendo o que veria a seguir, ele agarrou entre as mãos uma caixa vazia de verduras que havia ao lado do lixo e caminhou até eles.
Sofia arregalou os olhos ao vê-lo aproximando-se e recuou. Só o que ouviu foi o barulho da madeira quebrando nas costas do homem, que caiu produzindo um barulho maior ainda.
Os dois contemplaram ali caído no chão. Sofia levantou o rosto e o encarou assustada.
-Quem é você e por quê fez isso?
-Ele ia atirar em você...
-Eu sei disso, mas...
Lincoln abaixou-se e verificou o pulso do homem. Ainda vivia, pegou a arma a envolveu em seu casaco e olhou mais uma vez para Sofia. Ainda permanecia branca e confusa.
Lincoln estendeu sua mão e agarrou a dela.
-Vem comigo.
Sofia sem nem ao menos pensar deixou Lincoln a conduzir. Esse a puxou e a tirou dali.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Prison Break {Capítulo 03x06}

Prison Break
3º Temporada


Capítulo 6
Planos

Michael conseguiu dormir melhor aquela noite, depois de ter visto e conversado com Sucre. Saber que tinha alguém ali dentro, além de Chuck, com quem ele podia conversar e confiar, era realmente reconfortante. Ainda mais quando esse alguém sabia tudo o que lhe acontecera até ali.
Levantou-se do beliche e começou a caminhar. Logo que saiu da cela, avistou Lechero no fim do corredor que dava acesso ao pátio. Assim que um outro prisioneiro começou a conversar com ele, Michael aproveitou seu momento de distração, desviando de seu destino e pegando o primeiro corredor à direita.
Começou a apressar o passo, precisava encontrar logo o que queria. Caminhou por todos os corredores e celas, mas nada. Escorou-se em uma das janelas no corredor e limpou o suor que escorria de sua testa. E assim, tão rapidamente e inesperado, como se não houvesse outros problemas em sua mente, lembrou-se dela. Lembrou-se de Sara. Onde estaria?O que estariam fazendo com ela?Estariam lhe dando o que comer e beber?Estaria ela se sentindo sozinha?
Tantas perguntas e nenhuma resposta. Tinha tanto medo de perdê-la, de nunca mais vê-la. Chegava a ser insuportável pensar na idéia. Só queria abraçá-la, era tudo o que queria. Sentir seu corpo junto do seu, sentir sua respiração e seus batimentos, sentir essa imensidão que era saber que alguém que se ama, está vivo e por perto.
Mais ainda inesperadamente do que pensara nela, sentiu tocarem em seu ombro e sua mente esvaziar por alguns segundos mínimos. Desescorou-se da janela e o olhou.
Era um homem de meia idade, com barba grisalha, vestia roupas largas e ao lado da orelha, quase que no pescoço, carregava uma cicatriz.
-Você é o Michael, não é?
Sua voz era serena e calma.
-Sou sim.
-Ah, prazer, Michael. Eu sou o Charlie. Chuck me disse que você estava procurando por alguém e eu acho que posse ajudar.
Charlie encarou Michael e pediu para segui-lo. Viu-o distanciar: ele não parecia uma má pessoa, mas ali dentro tudo era possível. Por apenas alguns segundos a idéia de não segui-lo passou pela cabeça de Michael, mas mais uma vez não lhe restava muitas opções. Tratou de apressar o passo para alcançá-lo.
Caminharam juntos e em silêncio até o fim daquele corredor. Por fim chegaram a uma sala ampla e fechada, com apenas duas portas, a pela qual adentraram e outro ao fim da sala.
A luz não adentrava muito ali, mas conseguia-se enxergar alguns colchões e um balde em um canto mais além que provavelmente continha água em seu interior.
Michael deu alguns passos mais e o avistou atirado sobre um tapete imundo, vestindo apenas um calção pequeno. Sua aparência estava um pouco melhor do que a última vez que o vira.
Ao se mover, Charlie produziu certo barulho, foi então que Michael percebeu que ele ainda estava ali.
-Bom, aí está ele.
Michael consentiu para ele e depois ouviu:
-Michael, será que depois que você resolver esse problema nós podemos conversar?
Michael consentiu mais uma vez, mesmo que nem tivesse pensado sobre o assunto. Viu Charlie sorrir para ele, dar meia volta e se retirar da sala.
Durante um tempo ele permaneceu quieto ali. Tomou coragem, então, e caminhou até ele:
-Bellick.
A criatura que até pouco tempo estava contorcida naquele tapete e de olhos fechados, aos poucos foi ajeitando o corpo até estar de frente para ele. Esfregou as mãos nos olhos e encarou quem acabara de atrapalhar o seu sono.
Encararam-se por um longo tempo, durante o qual nenhum dos dois pronunciou nenhum palavra. Bellick ajeitou o corpo e lentamente pôs-se de pé.
-E, aí, Scofield, está gostando da estadia em Sona?Melhor ou pior que Fox River?
Bellick deu uma gargalhada de desdém. Michael, no entanto, não riu e também não demonstrou raiva já estava acostumado com o tom sarcástico de Bellick.
-Bellick...Eu falei com Sucre. Você sabia que ele está trabalhando aqui?
-Ah., o nosso velho Sucre está trabalhando aqui?!Engraçado que nós todos não conseguimos nos manter longe por muito tempo, não é mesmo?
Michael respirou profundo e impaciente.
-Bellick, vamos pular essa parte da conversa, então, você deve saber por que eu estou aqui, certo?
Bellick riu novamente, mas desta vez ele parecia mais interessado na conversa que Michael estava propondo.
-Ah, Michael, Sucre te mandou aqui para salvar a bela Maricruz. Até que não me faria mal te dizer onde ela está, mas você sabe que vou ter que ganhar algo por esta informação, não é?
Michael olhou para a porta que estava logo à frente, fechou os olhos e passou as mãos sobre a cabeça. Encarou Bellick assim que abriu seus olhos.
-Ok, já esperava isso...Então, o que você quer?
-Você também já devia saber, mas eu lhe explico. Sei que você já deve estar arranjando um jeito de sair daqui e nem tente mentir, porque eu vi você observando o muro e as grades lá fora, outro dia. Você não me viu, mas eu te vi, Scofield. Fui claro?Ou preciso desenhar para que entenda?
Michael respondeu rapidamente:
-Sim, foi claro. Bom, quando eu tiver algum plano em mente, a gente volta a conversar.
Michael já estava se preparando para sair, quando Bellick o barrou.
-É melhor você não me passar para trás, porque se isso acontecer, a namoradinha do nosso querido Sucre e o seu bebê vão passar horas bem difíceis sozinhos e com pouco comida.
-Não vou te passar para trás. Mas eu preciso de uma garantia de que você entregará a Maricruz e que se realmente participar desses planos, não contará para ninguém sobre.
-Minha palavra serve de garantia?
Michael riu.
-Ah, Bellick, nós dois sabemos muito bem que a sua palavra não serve para muita coisa, mas se é só ela que nós temos, por enquanto serve sim.
Michael deu as costas para Bellick, deixando sem muita ação.
Percorreu de volta o corredor que o levava ali e voltou para sua cela.
Quando chegou, encontrou Chuck lá, sentado na cama no beliche de cabeça baixa.
-Chuck.
Chuck levantou a cabeça para ver quem estava ali. Michael o olhou: havia uma marca avermelhada em seu olho e ele reparou também que sua bola não estava com ele.
Michael aproximou-se e sentou ao seu lado.
-O que houve?
Chuck não lhe respondeu absolutamente nada, permanecia de cabeça baixa e examinando as mãos.
-Não quer me contar?
-Nada, não foi nada, Michael.
Michael insistiu:
-Eu não vou desistir de saber.
Chuck bruscamente levantou do beliche e soqueou a parede.
-Droga, Michael!Eu não quero arranjar problema para você.
Michael o fitou, e antes que pudesse pensar sequer em algo para lhe dizer, ouviu um barulho às suas costas e virou-se.
-Ok, bonitão. Vamos ter uma conversinha, prometo ser rápido com você.
Era Lechero, com seus passos firmes e precisos, e sua expressão autoritária.
Vestia uma calça jeans velha e suja e uma camisa branca com a gola marcada pelo seu suor.
Michael levantou-se e virou-se mais uma vez para poder olhar Chuck: havia um certo medo em seus olhos negros acinzentados . Pensou por um instante: a marca no rosto dele, deveria ser obra do Lechero. Esse por sua vez, aproximou-se mais e disse:


-Então, Chuck não lhe contou o que aconteceu hoje?
-Não, não contou.
-Você é um homem de poucas palavras não é, Scofield. Vou lhe contar, então.
Lechero aproximou-se do banquinho que havia perto do beliche, ajeitou as calças na cintura e sentou-se.
Chuck permaneceu imóvel durante toda a conversa. Minutos depois, Lechero foi embora dizendo que estava de olho neles.
Durante o primeiro minuto em que ficaram sozinhos, nenhum dos dois disse qualquer coisa que fosse. Foi então, que Michael reuniu toda a sua calma e iniciou aquela conversa.
-Por que você não me disse que Lechero estava chantageando você para dizer o que eu estava planejando aqui dentro?
Chuck levantou os olhos para Michael, por um instante ele pensou que o garoto não falaria, mas em seguida o ouviu se atrapalhar nas palavras que dizia rapidamente.
-Eu não podia dizer nada, Michael!Nem pra você, nem para ele!Porque se eu dissesse iria estragar tudo. Você não ia sair daqui e não ia poder ajudar o teu irmão, o teu sobrinho e aquela mulher...Como é mesmo o nome dela?-Chuck franziu a testa ao fazer aquela pergunta, mas logo sua expressão voltou ao normal-Ah!A Sara...Hum, você não ia conseguir ficar com ela...E tem a minha mãe, você apareceu do nada e quer ajudá-la também!Não podia entregar de bandeja para esse homem a última esperança que ela tem!
Chuck falava tudo muito rápido e começava a chorar ao mesmo tempo, Michael tentou se aproximar, mas ele recuou e silenciou. Então, Michael, perguntou:
-Foi ele quem fez isso?
Chuck apenas balançou a cabeça concordando.
-E tirou a minha bola.
-Ok, a gente dá um jeito de conseguir outra. E, quanto a tudo isso, dá próxima vez que você estiver acontecendo alguma coisa errada, nós vamos resolver juntos, OK?
E se você precisar de qualquer outra coisa...
As palavras de Michael foram sumindo e Chuck abriu um sorriso.
-Você já vai fazer alguma coisa pela minha mãe e isso já é tudo o que você pode fazer.
As palavras de Chuck deixaram Michael mais feliz.



Antes de terminar o dia, Lincoln apareceu com o endereço que Michael pedira.
-Tá aqui, Michael.
Michael pegou o papel que Lincoln alcançava entre as grades e leu: ‘’Instalações de Pesquisa, Nova Iorque.’’.
-Foi só isso que você conseguiu?
-Foi sim.
Michael olhou para o irmão. Lincoln sustentou seu olhar por alguns segundos e depois desviou. Ele não sentiu firmeza na postura de Lincoln, mas não quis fazer caso e prosseguiu:
-Bom, a princípio, assim que eu sair de Sona, nós temos que ir a esse lugar.
Lincoln mal escutara o que Michael falara e começou a contestar.
-Michael, não seria arriscado demais?E se for uma armadilha?E se eles quiserem que a gente vá justamente nesse lugar?
-Lincoln, você acha que eu já não pensei nisso?Mas nós não temos mais tempo para hipóteses, temos que agir...L.J. e Sara estão em perigo.
Lincoln passou a mão sobre a cabeça.
-Ok, ok, ok...Eu tenho algo a dizer, Michael.
Michael surpreendeu-se, então perguntou:
-O que foi?
-Alguém da companhia me ligou ontem à noite. E ela me disse que está com eles, e que você precisa ajudar alguém a sair daqui.
Michael estava perplexo com o que acabara de ouvir.
-Explique melhor, Linc. Quem é ela?Ajudar quem?
Lincoln parecia nervoso, suas mãos estavam grudadas na grade e ele suave muito.
-Já disse, trabalha para a Companhia, Susan é o seu nome. E o prisioneiro que você tem de ajudar é Whistler.
-Linc, eu não sei...Eu não vou fazer isso. Não posso, você sabe que eu não posso.
-Michael, mas se você não fizer, acabou tudo L.J. e Sara deixam de existir. Você tem que fazer!
Michael balançou a cabeça, confuso. E depois de algum tempo em silêncio disse:
-Quem é esse homem?Como ele é?
-Não sei, ela disse apenas que o nome é Whistler e que você deve tira-lo daí.
No resto, disse que tornaria a ligar....Mas então, você conhece algum Whistler?
-Não, eu não conhece. Mas assim que ela ligar, diga que eu irei acha-lo.
Lincoln consentiu. Michael entristeceu ao perguntar:


-E eles?Ela disse como estão?
-Disse, disse que estão bem.
Michael suspirou aliviado.
-Eu vou conseguir, Linc. Nós vamos conseguir, ok?
-Eu sei, eu sei.
Michael aproximou-se mais das grades que os separavam.
-Preciso que você faça uma coisa.
Lincoln olhou para os lados, como se que estivesse verificando se alguém estaria vigiando-os e depois tornou a olhar para o irmão.
-Fala.
-Existe uma pessoa lá fora, com quem eu deixei uma continha em dinheiro, caso algo como essa situação em que nos encontramos acontecesse. Seu nome é Josh, ele trabalhava comigo e mora ainda no meu bairro, eu acho. Ele morava no prédio azul marinho que havia ao lado do meu. Apartamento 204. Procure-o, ou consiga o número dele, através dessas informações que eu passei. Peça ao Josh para alugar um apartamento aqui no Panamá mesmo, mas tem que ser no nome dele, para ninguém da Companhia nos achar. Compre comida, roupas, o que puder, para que possamos passar alguns dias sem ter com o que nos preocupar, caso isso seja necessário. Tenho que ir, Linc.
-Ok, eu farei. Eu volto amanhã, procure-o, Michael. Tudo depende desse homem, agora.
Michael consentiu, um pouco inconformado.
-Até amanhã.
-Até.
Os dois se despediram e Michael voltou para Sona. Sua cabeça fervia. Agora ele sabia que tinha muito trabalho pela frente. Seu sossego e felicidade ainda demorariam a chegar.