sábado, 4 de abril de 2009

Prison Break {Capítulo 03x15}


Prison Break
3º Temporada

Capítulo 15
Aposentos



L. J. tentava respirar naquele armário pequeno e com cheiro de mofo onde foi colocado. Sentia cede e as cordas estavam começando a rasgar a pele de seus pulsos e tornozelos. Estava ali dentro a mais de 10 minutos e conseguia ouvir a conversa que se passava do outro lado da sala, onde Susan e um homem chamado John conversavam com um terceiro homem. Este, L. J, havia visto apenas duas vezes desde que fora preso; ele era mais velho, talvez 50 quase 60 anos, gordo e extremamente pálido, o que lhe dava um ar doentio. Os outros, inclusive Susan, o chamavam de "General", às vezes, de Senhor, mas nunca por um nome de verdade.
No momento, Susan dizia a ele que Michael recebera a notícia. "Quê notícia?", ele pensou. Logo depois conseguiu ouvir o nome de Sara no meio da conversa. Desde o dia em que eles permitiram que ela conversasse com seu tio, ele não a vira mais, Não sabia para onde haviam levado, nem o que fizeram com ela.
Tentou arrastar a cadeira com a força do corpo para mais perto da porta e encostou o rosto para poder ouvi-los. General dizia:
"Ela é a única forma de o mantermos seguindo às ordens, O amor torna as pessoas tolas em demasia, e como se trata de Scofield, vamos usar a única oportunidade que temos de conseguirmos arrancar algo dele. Então, diante disso, ela continua como está, John continua cuidando do garoto e você, Susan se encarrega de dar ordens a Charlie, dos encontros com Lincoln e de todo o resto. No devido tempo, e sem muitos esforços, conseguiremos Whistler de volta. E quem sabe, alguém mais que queira nos prestar a sua inteligência."
L. J. ouviu Susan murmurar algo. Depois General completou:
"Agora, levem-nos para comer algo e quem sabe um banho também. E não esqueça, mantenham-nos separados até segunda ordem."
L, J. ouviu Susan dizer que ela cuidaria de Sara e que o garoto era obrigação de John.
L. J. desaproximou-se da porta. Uma onda de ódio e fúria se rebelou dentro dele; em um ato impensado ele começou a chutar a porta e a gritar.
Susan caminhou rapidamente até onde ele estava e escancarou a porta. Ele silenciou por um momento, mas depois da forma agressiva com que Susan o bateu e mandou calar a boca, ele continuou aos berros:
-Me solta!Eu quero sair daqui... Onde está a Sara?O que vocês fizeram com ela?
Susan não deu atenção ao que ouvia. Rapidamente retirou as cordas dos pulsos e tornozelos de L. J., com um movimento só o pôs em pé, segurando-o pelos ombros.
-Me larga, sua vadia!
Susan enfureceu-se e o empurrou contra a parede.
-Se você não calar a boca, você nem terá mais a chance de respirar, não vai poder ver o seu pai, nem o seu tio, muito menos a titia Sara, ok?É melhor você acalmar os seus nervos.
L. J. calou-se e tentou acalmar a respiração descontrolada que não cessava. Susan ainda o segurava firme contra a parede. Tinha vontade de lhe cuspir na cara, mas pensou melhor e sabia que não seria de ajuda tentar bancar mais uma vez o valente.
Sentiu Susan o empurrar para fora do armário. Ele olhou em volta: a luz na sala estava extremamente clara e seus olhos arderam num primeiro contato. Havia uma mesa de venil, não muito grande, no centro da sala, e atrás dela uma cadeira preta onde General estava sentado. Nada mais, não havia janelas, não havia nenhuma outra mobília, e as paredes eram cinza, sem vida.
Enfim, eram os quatro encarando uns aos outros, John fez questão de ser o primeiro a manifestar-se. Virou-se para o General e disse:
-Vou levá-lo para o outro quarto, senhor.
General consentiu sem demonstrar emoção.
John, um homem de poucas emoções também, caminhou até L. J. e o segurou. Antes que esse o retirasse da sala, ele conseguiu ouvir as últimas palavras de Susan:
-E quanto a Peter, senhor?O que faremos com ele?
Depois, o silêncio. John já havia fechado a porta às costas dos dois.


Michael abriu os olhos e espreguiçou-se. Sentiu o corpo lhe denunciar uma dor profunda nos seus músculos, em especial os das costas. Tentou ignorá-la virando de barriga para cima e ao fazê-lo seus olhos enxergaram um teto grafitado. Ainda observando as figuras, enxergou por ali, entre um desenho e outro, uma flor vermelha. Seus pensamentos vagaram para certa flor de papel dada em demonstração de um sentimento que ele pensou que duraria para sempre. A verdade é que ele não se sentia como se tivesse que aceitar aquela perda, algumas vezes quando a ideia lhe passava pela cabeça, era como se aquilo não tivesse acontecido realmente. A sensação, por mais maluca que fosse, era que Sara o estava esperando, em algum lugar para que fosse salva. Antes que pudesse reconstruir a imagem do rosto dela em sua mente, Chuck o chamou para a realidade:
-Hey, Michael!
Ele havia subido no beliche e em questão de algum tempo estavam os dois lado a lado. Michael o olhou de canto de olho, seu amigo estava nervoso e algo lhe dizia que ele já sabia o porquê, mas mesmo assim esperou que Chuck tomasse coragem e lhe dissesse:
-Você tem certeza sobre a Sara?



Michael olhou bem dentro daqueles olhos negros acinzentados que o fitavam também. Era incrível que a essa altura dos acontecimentos ele conseguisse alguém a quem pudesse chamar de "amigo" e alguém assim tão novo e tão inexperiente. E o mais surpreendente em Chuck para Michael, naquele momento, era a preocupação que ele tinha por alguém que ele não conhecia. E a única motivação para essa preocupação era o fato de ele acreditar que Sara era alguém especial e que merecesse sua atenção.
Michael desviou o olhar e lhe respondeu:
-Eu gostaria que isso não fosse verdade, mas por mais que eu não tenha provas de que ela não está morta, não há nada que me diga o contrário.
-A não ser o pensamento de que você não queria isso.
Michael se surpreendeu o que Chuck dizia.
-Sim, existe esse pensamento. Mas... Por que eu acreditaria em uma ilusão?
Chuck pensou.
-Talvez não em uma ilusão... Mas em uma esperança, em uma fé.
Michael se perdeu nas palavras que ouvira. Mas, logo tentou ignorá-las.
-Escute... Eu não quero que você fique pensando nisso – e dando um impulso desceu do beliche – nós vamos sair daqui e em breve você voltará para a sua família.
Chuck, então, desceu também, concordando.
Michael se fixou ao lado das grades cuidando o movimento no corredor. Os minutos se passaram.
-Eles já deviam estar aqui. – Michael analisou, aproximando-se do amigo.
-Sempre duvidei que eles fossem pontuais. – brincou Chuck.
Michael riu um pouco sem vida.
Em alguns minutos, Bellick e Charlie entraram na cela seguidos de um Whistler que mancava. Cada um se posicionou em um lugar: Bellick permaneceu junto à janela, Whistler caminhou vagarosamente até um dos bancos, Charlie o acompanhou.
-Então o que aconteceu com a sua perna? – Michael indagou.
-Eu achei uma pá na cela de um dos "amigos" de Charlie e concluí que seria útil. Bom, você deve imaginar o resto.
Michael questionou, então, Charlie:
-Amigo?
Charlie parecia preocupado, talvez distraído com algo.
A única coisa que os outros ouviram, foi uma resposta que incluía mais questionamentos:
-Amigo.
Michael pensou duas vezes antes de continuar a conversa e decidiu que aquilo não era importante no momento. Levantou-se e tentou ficar visível a todos.
-Eu sei uma maneira de entrar no quarto de Lechero. Bom, como em todas as outras prisões essa já teve uma tubulação de ar também. A diferença é que eles não a utilizam mais, mas a vantagem é que ela pode nos levar até o quarta lá em cima.
Michael caminhou e parou ao lado de Bellick.
-No fim desse corredor, no andar de cima, há uma entrada no teto e é a mais próxima do quarto que queremos chegar. Charlie disse que há dois caras que ficam de guarda ao lado da porta de Lechero. Um ou mais de nós terá que distraí-los, para assim podermos fazer tudo no tempo certo.
Michael recuperou o fôlego.
-Alguma ideia para distraí-los?
Houve um silêncio em que todos pareciam pensar juntos.
Bellick olhou para Michael ao seu lado.
-Talvez... Eu tenha uma ideia.
Todos voltaram sua atenção para ele.
-Não sei se eu devia me pronunciar, já que eu farei parte disso... Mas, parece que eu não tenho outra escolha.
-Então...? – Whistler perguntou.
-Uma luta iria distraí-los quase que por completo, tanto a eles, quanto à Lechero e os demais.
-Isso é uma idéia a se pensar, mas além de Bellick quem mais está disposto a...? – antes de terminar, Michael foi interrompido.
-Eu faço, Michael. – Charlie se auto-indicou.
-Já que é assim... Vocês só têm que tomarem cuidado. Muito cuidado. E garantirem Lechero e os outros ocupados por um bom tempo.
-Michael?! – Chuck o chamou.
-Sim?!
-Não compreendo ainda como chegaremos até o quarto.
-Ok, acho que não deixei bem claro isso.
Michael aproximou-se do chão e com o giz que pegou embaixo do colchão de Chuck começou a desenhar. Depois de terminado, ele começou a explicar.
-Dentro do quarto de Lechero há uma saída da tubulação – Michael indicou o interior do quarto pelo desenho – mais ao lado fica o corredor, onde é provável que esteja o que nós procuramos. Então... Alguma dúvida?
-Acho que não temos mais o que conversar. – reforçou Charlie.
-Ok, então eu e Chuck iremos lá em cima, esperamos até a confusão estar armada e faremos o combinado. Whistler?
Whistler levantou o rosto e encarou Michael.



-Você deve saber que terá de ficar de guarda perto do corredor, não sabe?
-Sim, eu sei. Não esperava menos, depois disso. – ele apontou para própria perna.
-Michael, quando saberemos que é hora de parar? – Bellick quis saber.
-Eu guardo as coisas na cela e Chuck vai ao encontro de vocês. Ele não precisa fazer nada, só ficar a vista. Vocês saberão que podem parar. – Michael explicou.
-Então... Boa sorte para vocês. – Whistler desejou.
Eles agradeceram.
Chuck saiu da cela acompanhado de Michael. Whistler pegou o caminho contrário ao deles. Charlie e Bellick trocaram olhares mais uma última vez.
-Ok, Bellick, vamos lá. Não podemos perder tempo.
Bellick concordou balançando a cabeça. Então os dois deixaram a cela.

Já no corredor de cima, Chuck e Michael, escorados no parapeito da sacada, observavam de longe os capangas de Lechero e ao mesmo tempo cuidavam o movimento no pátio.
Michael aproximou-se mais de Chuck e disse aos sussurros:
-Quando o corredor estiver limpo, você sobe primeiro.
Chuck virou o rosto para fita-lo e respondeu:
-Tudo bem.
Michael olhou em direção ao pátio novamente e enxergou Bellick e Charlie.
-Olha. – Michael apontou para os outros dois.
Chuck virou-se e juntos eles começaram a ver a cena se desenrolar: Charlie e Bellick discutiam, logo Bellick tocou desajeitadamente um copo de água na cara de Charlie e esse se mostrou irritado – era notável que Charlie sabia fingir melhor que Bellick. Logo a confusão estava armada; os homens já circulavam os dois.



Michael olhou para o andar de cima e percebeu que Lechero já estava se retirando do quarto para saber o que estava acontecendo no pátio.
Michael olhou rapidamente para os lados, estavam sozinhos.
-Chuck, é agora.
Chuck se desescorou do parapeito, e antes de responder, olhou para a sacada de Lechero também: ele e os seus dois homens estavam dispersos.
-Bem como você disse que aconteceria.
Michael, segurando o seu ombro, sorriu e disse:
-É, vamos lá.
Caminharam até alçarem a tubulação. Michael começava a ouvir os gritos daqueles homens, que a essas alturas, deixavam de serem homens para serem selvagens. Os gritos de Lechero eram altos e de fácil compreensão também. Tentou não se concentrar no que ouvia e sim no que tinha que fazer.
-Hey, espera. – Chuck fez Michael não abrir a tubulação no momento que iria fazê-lo.
Chuck se distanciou até a última cela do corredor e voltou com alguns tijolos. Os dois empilharam os tijolos, Michael subiu, retirou a proteção e desceu novamente. Ajudou Chuck a subir e depois fez o mesmo.
Quando já estavam dentro daquele tubo estreito, Chuck perguntou, no seu tom mais baixo: -E os tijolos?
Michael terminou de botar a proteção no lugar e voltou-se para ele:
-Paciência, teremos que contar com a sorte de que ninguém os veja ali.
Chuck começou a percorrer o tubo e Michael, logo atrás, o seguindo. Percorreram-no durante três minutos e chegaram na saída que dava acesso ao quarto de Lechero.
Os dois pararam.
-Eu desço, depois você. – Michael delimitou, passando por ele.
Retirou a tela e olhou em direção a sacada. Lechero não estava mais ali, deduziu que ele tivesse descido as escadas para olhar de perto a confusão. Mas seus capangas ainda estavam; com as costas em sua direção e os olhos vidrados no que acontecia lá embaixo. Silenciosamente, Michael desceu para o chão. Enquanto, Chuck descia também, Michael o ajudava e tentava não tirar os olhos da porta.
Seu coração batia tão desesperado dentro do peito ao pensar que poderia ser pego. Aquela sensação era uma velha conhecida que voltava a atormentar.
Assim que os dois estavam no chão e depois de fecharem a tela, olharam em volta:
estavam na sala. Michael apressou Chuck e eles correram para o corredor da esquerda, saindo da vista de quem quer que fosse. Acabaram por encontrar um quarto com uma cama de casal. Seus lençóis eram velhos e rasgados nas pontas, havia um quadro na parede e uma mesinha ao lado da cama. Se eles não estivessem em uma prisão, Michael diria que aquilo era um quarto qualquer de uma casa, onde os proprietários não tinham as melhores condições. Mais ao lado do quarto, havia uma porta; Michael tentou abri-la, mas estava trancada. Olhou em volta, procurando por algo. Chuck deduziu:
-Deve estar no quarto.
Chuck adentrou no quarto, fazendo Michael o seguir. Rapidamente eles vasculharam o quarto, não encontrando nada. Ajeitaram as coisas em questão de segundos.
-Não há mais o que fazer - exclamou Michael caminhando em volta da cama - e nós não temos tempo também.
Chuck só o acompanhava com os olhos. Michael decidiu:
-Nós temos que ir.
E dizendo isso caminhou em direção ao corredor.
-Hey, espera.
Michael parou e olhou para trás. Chuck estava parado ao lado da cama, apontando para o quadro:
-Pode estar ali.
Michael foi até ele, parou ao seu lado e olhou para o quadro à frente deles. Não pensando duas vezes, levou as mãos à ele e o retirou do lugar. Chuck estava certo, lá estava um chave.
Saíram do quarto e quando estavam de frente para a porta, Michael colocou a chave na fechadura e girou-a duas vezes. Levou a mão à maçaneta e empurrou a porta: estava aberta, para alívio dos dois.
Era um armário comum e tinha todas as coisas possíveis lá dentro. Chuck pegou três pás e quando ia pegar a quarta, Michael o impediu:
-Eu acho melhor não. Se eles derem falta de muita coisa, saberão que alguém as pegou.
Chuck largou a pá onde estava. Michael pegou alguns ferros e algumas coisas úteis. Voltaram rapidamente para sala - depois de terem trancado a porta e guardado a chave no lugar. Os dois lançaram olhares nervosos para sacada: um dos homens ainda observava o pátio, mas o outro tinha o pescoço inclinado para a esquerda, para além do corredor. Michael podia sentir aqueles passos fortes e nada silenciosos, reconhecíveis aos seus ouvidos. Ele olhou para Chuck por cima do ombro e com apenas esse olhar, ele compreendeu tudo.
Eles foram até o centro da sala. Michael levou as mãos à tela da tubulação e a retirou, ajudou Chuck, alcançou a ferramentas a ele e antes de subir também, olhou novamente para a sacada. Um dos guardas estava prestes a virar o corpo para entrar no quarto de Lechero, e pelo som dos passos, esse parecia estar mais próximo do que nunca. Com toda a sua velocidade, Michael subiu na tubulação e depois que havia posto a proteção no lugar, começou a percorrer o tubo com Chuck e não olhou para trás um segundo sequer.


Quando chegaram a outra saída, Michael desceu primeiro, ajudou Chuck depois. Retiraram os tijolos e Michael lhe disse:
-Desce lá e avise-os, basta ficar a vista deles, será o suficiente. Encontro vocês na cela.
-Ok, até depois.
Michael e Chuck pegaram direções contrárias. Michael correu apressado e em pouco tempo estava na cela. Largou todas as ferramentas de baixo da cama e as tapou com um pano. Depois sentou no chão e recostou-se no beliche.
Suava muito e estava ofegante, parecia que tinha enfrentado uma maratona. Olhou para o chão e viu seu plano traçado ali: esquecera-se de apagá-lo. Parecia uma irresponsabilidade, mas ao olhá-lo, tinha a estranha sensação de que desenhara aquilo a dias. Também temia que Lechero ou um de seus homens o tivessem visto quando ainda estava subindo a tubulação, mas naquele momento a única alternativa era torcer para que não fosse verdade.
Ouviu barulhos e dispersou-se. Eram Chuck, Bellick, Charlie e Whistler. Ele os observou: Whistler ainda mancava, Bellick tinha um corte na sobrancelha e Charlie parecia estar mais exausto do que machucado. Michael levantou, pegou alguns panos e alcançou à eles. Charlie de imediato limpou-se.
-Me diz que vocês conseguiram, por favor.
Michael respondeu o que Charlie e os outros queriam saber.
-Sim, conseguimos. Então o que aconteceu lá embaixo?
Bellick narrou em detalhes, a luta, os homens que estavam incentivando-os e os outros contratempos. Whistler, então, finalizou:
-E quando cheguei mais próximo eu ouvi Lechero dizendo que queria conversar com os dois mais tarde. O que fazemos agora?
-Não sei exatamente, Whistler. - Michael disse - Mas, o que sei é que se descermos lá e cavarmos agora, pode não dar certo. Lechero pode chamar vocês a qualquer hora do dia, então hoje não faremos nada. Amanhã sim.
Conversaram e cada um foi para a sua cela.
Michael e Chuck já estavam sozinhos quando o auto falante informou que havia visita para Michael. Quando esse já estava próximo às grades onde as visitam se encontravam, avistou Lincoln de costas para ele.



Lincoln o sentiu ali e virou-se. Encararam-se por alguns segundos. Era tão difícil para ambos se encararem depois da última conversa que tiveram, para Michael mais ainda. Seu irmão ainda trazia o mesmo olhar, uma mistura de tristeza, cansaço e culpa. Por um lado, Michael o compreendia, mas por outro, a raiva que sentia dele era inegável. Permaneceu em silêncio e esperou que ele falasse.
Lincoln olhou para o alto, respirou fundo e disse:
-Encontrei Susan ontem. Ela disse que trará fotos de L. J. no próximo encontro e que ele está bem. E que assim que você sair com Whistler faremos a troca.
-Ok... Diga a eles que sairei no prazo de um ou duas semanas no máximo e nós daremos um jeito nisso.
Michael começou a se virar, já estava pronto para voltar, quando Lincoln o chamou novamente:-Escuta, eu tenho medo que essa gente mate a todos nós no fim. Não acho que sairemos com vida no fim.Michael havia parado para ouvi-lo. Devagar, virou-se e o encarou:
-Faça a sua parte ok, Lincoln?Que eu farei a minha e tudo dará certo.
-Michael, eu sei que está com raiva de tudo isso e sobre a nossa conversa sobre a Sara...Michael o interrompeu:
-Você mentiu.Lincoln parou instantaneamente de falar e embranqueceu.-Eu tive que mentir.Michael aproximou-se mais das grades e disse:
-L. J. é seu filho e meu sobrinho e não há nada que eu não fizesse por ele. Respirou e com os olhos baixos continuou:
-Mas aparentemente, você acha que eu só penso em mim mesmo e depois de tanto tempo você deveria saber que isso não é verdade.
-Eu sei que isso não é verdade... Mas você se preocupava com a Sara, eu sei que você a amava, Michael. E eu lamento por isso, mas L. J. é meu filho e eu não poderia deixar nada acontecer com ele, você sabe disso...
Michael ainda admirava o chão, aparentemente distraído, mas seus ouvidos captaram o que Lincoln havia dito. Levantou o rosto e respondeu:
-Você me usou, Lincoln. – Michael o olhou nos olhos – Então... Talvez você e a Companhia tenham algo em comum.
Michael virou-se e foi até Sona.Ouviu Linc bater com as mãos nas grades e depois se afastar. Continuou andando, seus pensamentos o tomavam. Estava farto daquela situação, estava farto de tentar compreender a tudo e a todos e nunca ser compreendido, estava farto de ter de tomar decisões. Só queria paz para seu coração, só queria Sara de volta. Só queria fechar os olhos e acordar sabendo que tudo finalmente havia terminado.