sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Prison Break {Capítulo 03x04}

Prison Break
3º Temporada

Capítulo 4
Notícias de Sara


Michael passou aquela noite em claro como em quase todas as outras noites que passara naquela prisão. Já tirara seu moletom do corpo, mas mesmo assim começava a sentir o cheiro fétido que o seu suor e sujeira exalavam. Desde que entrara em Sona, só se molhara duas vezes na torneira do pátio longe dos olhos de Lechero.
Pensava quase o tempo todo em Sara e L. J., como estavam tratando seu sobrinho, onde Sara estaria, se os dois sentiam fome, enfim, se eles estavam bem. Por algumas vezes tentava desviar esses pensamentos de sua mente, para poder planejar uma fuga, mas nada que pensava parecia ser útil naquele momento.
Quando o dia clareou, procurou por Chuck em sua cama, mas não o encontrou lá. Saiu da cela a sua procura, passou por vários corredores e vários homens, todos eles o olhavam torto, imaginava as coisas que Lechero pudesse ter dito sobre seu respeito aos homens da prisão. Quando deixou as celas para trás e chegou ao pátio, avistou ao longe Bili e os outros amigos de Chuck. Então foi ao encontro deles.
Logo que se aproximou, perguntou:
-Oi, hum... Chuck, vocês sabem onde ele possa estar?Ele não estava na cela, então pensei...
Antes que ele pudesse terminar, Bili respondeu:
-Ele está por aí-e balançou a mão no ar - deve estar te procurando também...
-Ok, eu vou procurar ele, obrigado.
Michael virou-se e enxergou-o, vindo ao seu encontro e de seus amigos.
Ele caminhava bem despretensioso picando a bola de basquete no chão. Assim que se aproximou, disse:
-E aí Michael, então resolver pegar um ar hoje?
Michael sorriu para ele e lhe respondeu:
-É, digamos que sim. Podemos conversar?
Chuck parou de jogar a bola no chão e a firmou entre as mãos. E depois de o olhar bem firmemente disse:
-Podemos!
Juntos eles voltaram para a cela. Chuck deixou sua bola no chão ao lado do banquinho que havia ali e acomodou-se no beliche, já Michael ficou de pé.
-Michael, você é mesmo irmão do Borrows, cara?
Michael deu uma leve risada.
-Pois é, eu sou sim.
-Bah, cara, tudo bem que a gente não escolhe irmão, mas você caprichou, hein?
Apesar da ironia, Michael enxergava certa tristeza no olhar de Chuck.
Michael respirou fundo, e lhe disse:
-Chuck, eu sei que isso é o que menos importa agora, mas Lincoln não fez nada de errado e já provaram isso a justiça.
-Se você diz que ele não fez nada de errado, tudo bem.
Chuck esticou o braço e trouxe a bola para perto de si novamente. Michael continuou:
-Se você se importa tanto assim com o que Lincoln fez, porque está aqui?
Chuck começou a lançar a bola contra a parede como sempre fazia e ao ouvir tal pergunta parou bruscamente, lançou-lhe um olhar sério.
-Você quer mesmo saber isso?
-E porque não?
-Não sei, talvez porque você já tenha os seus problemas e...
-Se você estiver disposto a me contar, eu estarei disposto a ouvir!
Depois de dito, Michael esperou Chuck pronunciar algo, mas durante alguns segundos, ele permaneceu sem dizer nada. Depois de alguns segundos mais, ele levantou o rosto - nele tinha uma expressão confusa e triste.

-Ok... Nem sei por que você se interessa por isso, mas eu vou contar.
Chuck firmou a bola entre os pés e respirou fundo.
-Minha mãe....Ela estava muito doente, ainda tá doente. Eu nunca fui santo, nem nada. Sempre que faltava comida lá em casa ou dinheiro para pagar as contas no fim do mês eu dava um jeito e roubava. Chegava em casa com dinheiro e mentia para ela que tinha conseguido um bico em algum lugar.
Michael viu de relance os olhos de Chuck começarem a lacrimejar, mas continuou ouvindo atentamente.
-Só que as coisas foram piorando, ela ficou doente e precisava fazer exames e precisava de remédios. Foi então que eu comecei a traficar drogas para conseguir o dinheiro, por um bom tempo deu certo, mas um dia eles me pegaram.
Michael olhou novamente para o rosto de Chuck. Era engraçado como em tão pouco tempo ele conseguia se aproximar e participar da vida das pessoas que ele encontrava no meio do caminho. E junto com isso vinha aquela necessidade de ajudar.
Chuck levantou o rosto e o olhou também. E subitamente, pegando Michael de surpresa, ele perguntou:
-Você me procurou lá fora... O que você queria, cara?
-Chuck, talvez eu possa ajudar a sua mãe, eu vou dar um jeito de sair daqui, e como a gente não consegue nada sozinho, eu pensei que você pudesse me ajudar também.
Desta vez, a tristeza sumiu do olhar de Chuck, e deu lugar a um ar surpreso e feliz. Michael via os olhos dele brilharem com a possibilidade de ter a liberdade. Mas antes que Chuck pudesse perguntar todas as questões que ferviam em sua cabeça, o auto falante informou que Lincoln esperava Michael.
Michael levantou-se, disse que eles continuariam aquela conversa depois e deixou a cela.




Michael e Lincoln conversavam.
-Então alguma coisa sobre Sara e L. J.?
Michael exibia aquele olhar esperançoso, mas Lincoln, no entanto, demorou a lhe responder.
-Ah... Eu tenho sim.
Lincoln abaixou os olhos e olhou para os pés, analisou-os por mais uns instantes e depois encarou o irmão, dizendo:
-Michael, eu acho melhor você se preparar para isso.
O olhar esperançoso de Michael deixou seu rosto mais uma vez. E sua voz calma disse:
-O que houve com ela, Linc?




Lincoln sustentou seu olhar, depois retirou do bolso outra foto e outro papel e alcançou a foto a Michael, esse por sua vez, a pegou entre as grades. Aproximou de seu rosto, suas mãos que carregavam a foto, seus olhos pairavam sobre ela que mostrava uma Sara com as mesmas roupas que a vira da última vez e carregando o mesmo jornal que L. J. carregava na outra foto.
O coração de Michael parecia ter parado de bater naquele instante e seus olhos pareciam não aceitar o fato de que era a sua Sara naquela foto.
-Michael.
Michael ainda mudo e perplexo, levantou o rosto depois de ter ouvido a voz de Lincoln.
-Toma.
Lincoln estendeu o papel que havia retirado do bolso junto com a foto e lhe entregou também um celular, que de imediato chamou atenção de Michael. Ele pegou os dois, novamente entre as grades, e depois leu o que dizia no pedaço de papel: ‘’Nós também a pegamos. ’’
Desta vez, seu coração começou a bater freneticamente e junto com isso uma dor profunda o invadiu.
Lincoln vendo o desespero do irmão, tentou acalmá-lo.
-Michael, isso tudo chegou hoje cedo no apartamento, ela ainda pode estar bem.
E além do mais, eles deram o celular o que significa que querem se comunicar.
Michael ainda não falava nada, Lincoln vendo seu silencio prosseguiu:
-Bom, eles mandaram uma carta junto, é de recortes de jornal. Dizia apenas para eu lhe entregar esse celular. E que logo eles entrariam em contato para ‘’negociarmos’’ L. J. e Sara.
Michael o olhava bem nos olhos como se prestasse muita atenção ao que ouvia, mas não manifestava movimento algum.
-Eu estava vendo as fotos, o L. J. e a Sara seguram o mesmo jornal e eles apontam para a mesma reportagem, olha. É sobre um centro de pesquisa, eu acho... Michael, será que eles não querem dizer algo, ou seria só uma tática da Companhia, ou seja, quem for que estiver com eles?
Lincoln se sensibilizou mais uma vez pelo silencio do irmão e então finalmente disse:
-Michael, fala alguma coisa, por favor.
-OK, procure saber mais sobre isto, - e lhe entregou a foto de L. J. entre as grades-
o endereço e qualquer outra coisa que você conseguir. Eu fico com a foto de Sara.




Lincoln viu que não teria mais o que falar, então concordou:
-Ok, eu farei.
Michael lhe perguntou:
-Você volta amanhã?
Ao que Lincoln respondeu:
-Ainda não sei, marquei de falar com o Bruce, mas farei o possível para vir.
-Então até lá.
-Até.
Michael deu as costas para Lincoln. A idéia de saber que Sara estava lá fora, sabe se lá aonde e com quem, e ele ali dentro, preso e sem poder salvá-la de tudo e de todos, era quase insuportável.

domingo, 24 de agosto de 2008

Prison Break{Capítulo 03x03}

Prison Break
3 º Temporada

Capítulo 3
L. J. em perigo


Michael passou os dois dias seguintes sem notícias de Sara, Lincoln tinha prometido voltar um dia após o dia em que haviam conversado, mas não aparecera e a preocupação dele começava aumentar.
Três dias se passaram, então finalmente Lincoln apareceu em Sona. Era o dia mais quente desde que eles chegaram ao Panamá. Chuck estava escorado na janela na esperança de que conseguisse um pouco de brisa, Michael caminhava de um lado ao outro, agitado. Chuck parou de olhar a vista e virou-se para ele:
-Hey, porque você está assim?É por causa do Borrows?
Michael lhe lançou um olhar desconfiado, mas antes que pudesse responder, um homem parou em frente à cela deles.
-Hey, você aí...
Michael virou-se e o encarou.
-Scofield, ?
Michael consentiu.
-O Borrows tá te esperando lá fora.
Ele viu o homem se distanciar e girou o corpo para Chuck.
-A gente conversa depois.
Michael saiu da cela e apressado foi ao encontro do irmão.



-Hey, como você está?
-Estou bem e você?
Lincoln só concordou. Michael o olhou com certa preocupação.
-Porque você não apareceu antes, Linc?
Lincoln limpou o suor do rosto com as mãos e respondeu:
-Desculpa, Michael, não pude vir antes. Procurei por Sara esses três dias.
O olhar de Michael pareceu se encher de esperança naquele momento. Lincoln respirou fundo e continuou:
-Consegui o número da casa dela, liguei para o celular, perguntei a pessoas aqui no Panamá...
A esperança pareceu sumir dos olhos de Michael e deu lugar a um olhar amargo. Então Lincoln finalizou:
-E nada.
Michael deu um longo suspiro, ia dizer algo, mas Lincoln disse antes:
-Mas há alguém do nosso lado, que pode ajudar e muito.


Michael voltou a encarar o irmão e perguntou:
-Quem?
-Bruce, o advogado de Sara, o que nos conseguiu Cooper Green. Marcamos de nos encontrar e conversarmos, mas ele não sabia de Sara, disse que a última vez que a viu e falou com ela foi no dia do julgamento.
Michael absorveu aquelas palavras e olhou para o alto como se estivesse procurando algo a se dizer.
-Ela deve estar escondida, ela sabe que deve ser perigoso sair na rua agora, e sabe que a Companhia deve estar aqui...
Lincoln interrompeu-o.
-Michael, escuta, nós sabemos que algo aconteceu com Sara. Ela teria entrado em contato se pudesse, sabe que nós estamos preocupados e... Bom, tem outra coisa com que nós devíamos nos preocupar agora.
Michael ficou sério e perguntou:
-Qual é o problema mais sério agora do que achar Sara, Linc?


Lincoln baixou a cabeça e levou a mão ao bolso do seu jeans e começou a retirar algo de lá. Michael lançou um olhar curioso e preocupado ao que Lincoln segurava nas mãos, depois tornou a olhar para ele, esperando uma resposta.
Lincoln observou a foto por mais alguns segundos e a entregou a Michael entre as grades, dizendo:
-L. J.
Michael pegou a foto em suas mãos. Era realmente seu sobrinho, ele estava encostado em uma parede de fundo preto, vestia uma calça jeans normal e uma camisa branca parecida com a que Lincoln usava no momento. Por fim Michael observou o jornal que L. J. segurava. Michael retirou os olhos da foto.
-Como?Como você conseguiu isso?
-Recebi hoje cedo no apartamento onde estou dormindo... O que você acha, Michael?
Lincoln transparecia sua preocupação ao fazer tal pergunta.
-Eles mandaram só isso?Nenhum recado, bilhete...?
-Isto.
Lincoln retirou do mesmo bolso que retirara a foto, um papel branco. Michael o pegou também e leu as palavras: “Nós o pegamos”.
-Quem, Michael?Quem o pegaria?O que essa gente ainda quer de nós?
Lincoln bateu com as mãos na grade em sinal de sua raiva.
-Linc, hey... Eu vou dar um jeito de sair daqui e nós vamos encontrar a Sara e o L. J.!
-Michael, você tem certeza disso?Eu falei com Bruce, ele disse que pode nos ajudar nisso também, será que desta vez não é melhor fazer da maneira certa?
Michael respirou e encarou Lincoln.
-Eu tentei fazer as coisas da maneira certa quando você foi preso, mas foi de outra maneira que eu o tirei de lá.
Lincoln sorriu de canto e concordou.
-E Sara e L. J. não podem esperar, ainda mais com L. J. nas mãos de quem está.
-Você tem razão, Michael...
Os dois sorriram um para o outro e assim eles se despediram.
Lincoln foi embora e Michael caminhou em direção aos portões de Sona, dobrou o corredor e antes que pudesse caminhar para sua cela, esbarrou em Mahone.
-Oh!Muito bem, Scofield, confraternizando com o seu irmãozinho novamente.
Michael lhe lançou um olhar perfurante, depois tentou continuar andando, mas foi impedido por Mahone.
-Hey, espera... T-Bag está aqui também, você sabia?
Michael parou e prestou mais atenção ao que ouvia.
-T-Bag?
-Eu soube que você fez uma armadilha para ele também, mas acho que desta vez você não se saiu muito bem como das outras, não é mesmo?
Michael pôs as mãos na cintura e olhou ao alto, depois olhou novamente para o rosto de Mahone e lhe disse:
-É, e pelo jeito você também não. Agora me deixe passar, Alex.
Michael desviou dele e começou a andar. Mais ao longe, ouviu as últimas palavras de Mahone.
-Pois é, Michael, eu disse que te pegaria, nem que para isso eu tivesse que estar aqui também.
Michael controlou o ódio que sentia ao ouvir aquelas palavras e continuou andando, precisava encontrar Chuck.




Sara só bebia e comia durante os dias e passava as noites em claro, pensando, e naquelas noites em que conseguia dormir tinha pesadelos. Sonhos com a suposta execução de Lincoln e com Michael em um corredor escuro e sujo, chamando pelo seu nome.
Aquela espera por saber quem a mantinha presa e porque, estava se tornando insuportável.
Até que uma noite, depois de ter inutilmente tentando comer a pouca comida que fora deixada ali, ela ouviu barulhos, logo depois passos e por fim a porta se abriu.
Um homem - cujo rosto Sara não conseguiu visualizar de imediato por causa da pouca luz que havia ali - adentrou no quarto. Vestia uma camisa preta, era alto e magro.
Sara o analisou e permaneceu imóvel. O homem trazia uma cadeira consigo, a firmou nas mãos ao entrar e depois caminhou para mais perto dela, sem dizer uma palavra. Sara sentiu um frio percorrer-lhe as costas, ao vê-lo se aproximar. Mas a única coisa que o homem fez, foi sentar-se a frente dela, como se eles fossem ter uma conversa amigavelmente.
-Olá, Sara.
Sara ajeitou o corpo e recostou-se na parede. Mas preferiu não responder.
-Ok, eu desconfia que você não fosse falar.
O homem levantou-se, caminhou até a porta e a fechou, voltou para sua cadeira e sentou-se novamente.
Desta vez, Sara conseguiu enxergar seu rosto. Nele havia uma expressão de arrogância e de superioridade, características de quem trabalhava para a Companhia. Sara tentou ignorar aquela hipótese. Viu-o recostar as costas no encosto da cadeira e depois de passar as mãos sobre os cabelos, que tinham uma mistura de fios pretos e alguns poucos fios brancos, cruzou os braços. Sara esperou ansiosa, e logo o ouviu dizer:
-Bom, então eu vou ser direto com você.

sábado, 16 de agosto de 2008

Prison Break{Capítulo 03x02}

Prison Break
3º Temporada


Capítulo 2
Uma visita


Michael permanecia sentado no meio muro. Observava os prisioneiros à sua volta: o que levava cada um a cometer seus erros e parar naquele lugar infernal?Talvez essa resposta estivesse além da compreensão de muitos ali.
Sentia um enorme vazio dentro de si, fora separado de Sara e Lincoln rápido de mais e inesperadamente e ainda não se acostumara com a ausência deles.
Levantou o rosto e avistou Chuck ao longe, vindo ao seu encontro. Ao se aproximar, notou que ele ainda carregava a bola de basquete de baixo do braço.
-Hey, Michael!E aí dormiu bem?A cama do beliche não é muito boa ... Mas até que dá pra tirar um cochilo...
Michael sorriu e depois respondeu:
-É até que dá pra tirar um cochilo... Mas eu não dormi bem, e a culpa não é do colchão...
Chuck o olhou com certa dúvida e depois mudou de assunto:
-Nem sabe, cara... Andam dizendo por aí que aquele tal de Borrows, aquele que matou o irmão da vice-presidente, tá lá fora... Esperando o irmão parece, o cara que tirou ele da outra prisão...
Michael sentiu o coração balançar dentro do peito e exclamou:
-Lincoln?!
-É, eu acho que é Lincoln o nome dele... Por quê?Você conhece ele?
Michael foi se levantando e perguntou mais uma vez:
-Você tem certeza de que é ele mesmo, Chuck?
-Acho que sim, cara...Mas...
Michael não deixou Chuck terminar.
-Onde que se recebem visitas aqui?
Chuck explicou a Michael como chegar até o outro lado de Sona, atravessar os portões e chegar às grades onde Lincoln deveria estar.



Michael agradeceu e se afastou. Percorreu o caminho que Chuck havia lhe explicado e ao atravessar os portões, deu de cara com Lincoln. Ele tinha suas duas mãos sobre o ferro que havia antes das grades e aquela expressão de preocupação.
Lentamente Michael caminhou até ele, depois parou, ajeitou suas mãos dentro do bolso do moletom que vestia e o olhou. Lincoln sustentou seu olhar e então disse:
-Então... Como você está?
-Não tão bem acomodado, mas eu estou bem...
Lincoln sorriu e ele também. Não era felicidade, mas eles ainda estavam vivos e isso tinha que significar alguma coisa naquele momento e ambos compreendiam isso.
Lincoln olhou para lado rapidamente e retornou seus olhos para o rosto do irmão, dizendo:
-Não sei mais o que te dizer Michael... Sinto que estou do lado errado.
-Você sabe que não está. Mas então você vai me ajudar a fugir ou está muito cansado para isso?
Lincoln sorriu novamente e depois em tom mais sério disse:
-Olha, eu falei com certos advogados e o cônsul está facilitando uma transferência e logo você será um homem livre novamente, você está no Panamá então não vai haver problemas já que foi legítima defesa. E Michael...
Michael o interrompeu:
-Hey, ok... Eu sei que você vai dar um jeito nisso... Mas eu estava esperando que você mencionasse sobre certa pessoa...
Lincoln permaneceu em silêncio, tinha medo de responder aquilo a Michael.
Depois de alguns segundos, disse:
-Eu não sei onde ela está. Depois que nós nos afastamos, quando os policiais chegaram, eu corri por um bom tempo e depois que eu havia despistado os caras, eu fui a polícia, eles me disseram que Sara havia dado um depoimento e tinha acabado de sair. Eu ainda a procurei, Michael... Mas a perdi de vista, me perdoa...
Michael exibia certo medo através do olhar que lançava a Lincoln. Enquanto absorvia as palavras que havia escutado, inúmeros pensamentos angustiantes lhe passavam pela cabeça, sabia que Sara estava correndo perigo lá fora, mas ele não podia pensar naquilo, se Deus quisesse ela estaria bem e a salvo.
Como se Lincoln pudesse ler seus pensamentos, lhe disse:
-Hey, Michael... Ela está bem e nós vamos achá-la.
Michael aproximou-se mais e apoiou uma das mãos na grade e depois de levantar o rosto, pediu:


-Você tem que encontrá-la, Linc. É importante para mim, se algo acontecer com a Sara...
Os olhos de Michael lacrimejaram levemente e ele não conseguiu terminar o que ia dizer, abaixou o rosto e permaneceu assim.
-Michael, levanta a cabeça, vamos levanta e abre os olhos.
Michael fez o que Lincoln pediu e o escutou:
-Agora, me escuta! Eu vou encontrar ela e vou te tirar daí. Vou fazer qualquer coisa por vocês, ok?E tudo vai acabar bem.
Michael consentiu ainda triste, mas concordou.
Conversaram durante mais um tempo e Lincoln prometeu voltar com notícias de Sara.
Despediram-se e Lincoln Deus as costas para o irmão. Dissera a ele que tudo ia acabar bem, mas a verdade que Michael desconhecia era que ele gostaria de acreditar nisso, porque o pouco de fé que lhe restava, já havia acabado há algum tempo.



Sara passou o dia trancada, ninguém apareceu, ninguém deu sinal de vida. Nem mesmo barulhos ela ouvia, era sempre o maior silêncio. Chegou a pensar que fora deixada lá para simplesmente morrer, mas era impossível, não tinha sentido, alguém teria que aparecer mais cedo ou mais tarde.
Pensava em Michael a cada segundo. Sabia que ele estaria preso, mas onde? No Panamá mesmo?Ou ele fora levado de volta para os Estados Unidos?E Lincoln onde estaria?As perguntas sem respostas a atormentavam.
De repente foi surpreendida por um baque na porta. Alguém a abrira e rapidamente deixara um prato de comida junto com um copo de água. Ela estava certa: não queriam que ela morresse, queriam mantê-la viva, pelo menos por um tempo. Comeu e bebeu, tentando não pensar em nada. E adormeceu lembrando que Michael dissera uma vez à ela que sem fé, eles não teriam nada.

domingo, 10 de agosto de 2008

Fanfic e Agradecimentos

Olá, pessoas!
Uma observação para quem assiste Prison Break e para quem está acompanhando a fanfic:
"Chuck", o novo personagem do Capítulo 1{01x03}, é o Luis da série original. Os nomes são diferentes, porque quando eu comecei a escrever a fanfic, eu havia visto uma foto do Michael e do Luis no pátio de Sona, simpatizei com ele e como sabia que ele faria realmente parte da 3ª temporada, acrescentei o personagem, mas com um nome diferente e com uma importância maior.
Espero realmente estar agradando com o que escrevo, agradeço a todos que estão tendo paciência para ler os textos e também para aqueles que enviaram seus comentários!
De coração, estou muito feliz pelos elogios e críticas que recebi.
Qualquer dúvida sobre qualquer coisa, é só mandar por email {rafaelaantunesnunes@gmail.com} ou por comentário!
Muito obrigada!
Um feliz dia dos pais a todos e uma ótima semana!

Prison Break {Capítulo 03X01}

Prison Break
3º Temporada

 Capítulo 1
Sona

Michael atravessara a porta e caminhara durante horas entre os pilares e corredores imundos de Sona até suas forças do corpo e mente se esgotarem. Então se deixou levar pelo sono em um canto qualquer.
Acordou horas depois, com os raios do sol em sua face, segando-o por um momento. Levantou-se lentamente e olhou a sua volta: era difícil descrever o que via; pessoas em condições miseráveis em um lugar miserável, e mais uma vez ele fazia parte de um lugar como esse.
Recuperou suas forças e começou a atravessar o pátio, estava quase chegando ao outro pavilhão, quando sentiu alguém tocar nas suas costas, virou-se e encarou um homem baixinho e marrento que trazia uma bola de basquete debaixo do braço.-E aí cara... Tudo ok com você?Hey, você é americano, certo? Ah, meu nome é Chuck.
Chuck estendeu a mão para cumprimentá-lo; mas Michael não estendeu a sua num primeiro momento. O analisou: Chuck tinha cabelos negros e encaracolados e parecia ter no minímo 17 anos, no máximo 20. Balançava a bola no ar, imitando movimentos de basquete e apesar do lugar em que estava, parecia extremamente feliz.
Michael retirou a mão do bolso e apertou a dele.
-Meu nome é Michael e sim, eu sou americano.
Chuck tocou a bola para cima e disse:
-Eu sabia! Então você já foi a um jogo de basquete, certo?
-Já sim...
Michael tentou passar por Chuck, mas ele permaneceu na sua frente.
-Hey, cara, eu só quero conversar... Escuta você quer conhecer os meus amigos?
Michael parou para pensar: conhecer outras pessoas?Não sabia ao certo se era uma boa idéia. Outra prisão, outros prisioneiros e tudo em um nível bem pior do que Fox River. Mas apesar de qualquer circunstancia, ele sabia que mesmo que não quisesse conhecer aqueles homens, ele não iria conseguir se manter longe daquilo tudo por muito tempo, como tentará da outra vez, afinal de contas ele já se sentia parte daquele mundo, talvez Sara estivesse certa: aquilo não tinha mais volta.
Chuck percebeu o silêncio de Michael, e ao não ver nenhuma ação, disse:
-Chega aí, cara...
Chuck começou a caminhar em direção ao corredor de que Michael havia fugido na noite anterior e que levava as celas e, sem outra escolha ele o seguiu.
Durante um tempo caminharam em silêncio, mas antes que chegassem as celas, Chuck voltou a falar:
-Você não tem onde ficar, não é mesmo?Se você quiser, pode ficar na minha cela... O cara que dormia na outra cama foi morto semana passada em uma das brigas.
Michael sentiu um arrepio percorrer-lhe as costas, mas ao contrário dele, Chuck não parecia tão triste com o ocorrido.
-Então, você vai ser meu companheiro de cela?
Michael apenas concordou e continuou andando.
Passaram por uma cela e Michael viu Mahone de costas conversando com outro homem alto e mal encarado. Tratou de apressar o passo, não queria ter que falar com ele e antes mesmo que percebesse, haviam chegado onde Chuck queria.
Chuck colocou a bola debaixo do braço e disse:
-Michael, esses são os caras... Gente, esse é o Michael.
Michael olhou ao redor: havia mais ou menos cinco homens e um deles estava caído sobre uma das paredes imundas, tinha cortes no corpo e no rosto. Michael sentiu certa agonia ao vê-lo em tal estado e perguntou aos outros:
-O que aconteceu com ele?
Um homem magro e alto, com aparência um pouco melhor que a dos outros, respondeu à ele:
-Ele é drogado, tentou pegar droga escondida do Lechero e se deu mal.
Michael pairou seu olhar sobre o homem caído no chão, sabia que não ia agüentar muito tempo vendo todas aquelas pessoas naquela condição. De repente ouviu uma voz alta e grossa se aproximar. Ele e Chuck viraram-se para ver quem vinha na direção deles.
Este era um homem negro, um pouco mais baixo que ele, vestia roupas brancas e exibia certa grandeza.
-Oh, todos em volta do coitado que roubou o Lechero, vocês não tem mais o que fazer?!
Ele era seguido por mais dois homens, e mais atrás desses havia quatro homens e entre eles, Mahone.
Chuck e seus amigos não diziam nada, permaneciam calados.
O homem se aproximou de Michael e disse:
-Hey, você, Scofield não é mesmo?Eu sou o Sam.
Michael sustentou o olhar que ele lhe lançou e esperou que ele falasse:
-Vamos, orientação.
Michael desviou o olhar e tentou se afastar, mas aquele homem o segurou pelo braço.
-Hey, “amigo”, onde você pensa que vai?
-Eu não preciso de orientação.
Sam deu uma gargalhada, balançando a cabeça para trás.
-Isso não é você quem decide.
Segurou seu braço mais firme e o arrastou.
Foram ele, Sam, seus dois ajudantes, Mahone e os outros homens até o segundo andar. Subiram as escadas, dobraram o corredor à direita, caminharam, dobraram novamente à direita e chegaram ao que Michael deduziu ser o quarto de Lechero.
Era amplo, havia uma televisão, alguns sofás, e um corredor à direita deles, que Michael observou, mas não conseguiu identificar o que havia ali dentro.
Sam os posicionou um ao lado do outro e mandou ficarem parados onde estavam. Caminhou até o corredor e voltou de lá seguido de um homem alto e forte; vestia uma calça preta, uma camisa branca e colares de diversas cores em volta do pescoço.
Caminhou firmemente até onde estavam e parou de frente para eles. Sam e os outros dois homens sentaram em um dos sofás e esperaram que lhe mandassem seguir outras ordens.
Lechero os observou um a um, bem calmamente e em silêncio, depois disse a todos:
-Bom, para quem ainda não sabe quem sou, meu nome é Lechero. Vocês estão em Sona agora, é quem manda aqui dentro sou eu, porque como vocês podem ver, não há nenhum guarda aqui dentro, só lá fora.
Lechero voltou a caminhar calmamente na frente deles, gesticulava ordens, regras de Sona, que ele mesmo devia ter imposto a todos aqueles homens, punições caso eles saíssem da linha, etc.
Por fim, os mandou ir embora em tom agressivo. Em fila como entraram um a um eles foram se retirando, Michael seguia atrás de Mahone quando ouviu Chefão dizer às suas costas:
-Hey, Sr. Scofield... É você então o novo superstar de Sona?
Michael parou onde estava e bem lentamente virou-se e o encarou:
-Eu não quero ser. Você não precisa se preocupar porque eu não vou fazer onda.
Chefão, em questão de segundos, parou na sua frente, sem tocar um dedo nele, disse:
-Nós sabemos da sua história aqui, as notícias voam não é mesmo?Mas eu tenho certeza que você não vai querer fazer onda e eu garanto que assim vai ser melhor para nós dois.
Encararam-se por mais alguns segundos.
-Ok, agora pode ir... Vá!Agora!Saia daqui!
Michael virou-se e saiu dos aposentos de Lechero. Era arecém o primeiro dia, e ele já tinha certeza que sua estadia em Sona não seria nada fácil.




Sara começava a abrir os olhos, sentia a cabeça doer e o corpo pesado, à medida que se levantava do chão frio onde estava deitada.
Com as mãos ainda na parede para se afirmar, olhou em volta: era um quarto pequeno, sem nenhuma janela e apenas uma porta à sua frente. As paredes pareciam rebocadas e sem nenhuma pintura.
Sentou-se no chão e fechou os olhos, a última coisa que se lembrava, era que ainda no centro do Panamá, depois de ter dado o depoimento à polícia, havia dobrado uma esquina, estava chegando ao lugar onde deixara seu carro, mas antes que pudesse retirar as chaves do bolso, sentiu alguém puxar seu corpo para trás e lhe fazer cheirar algo que a fez desmaiar.
‘’Quem poderia ter feito isso?’’, foi a primeira coisa que pensou. Os ajudantes de Mahone ou até ele mesmo?Os subalternos de Kim que queriam vingança pela sua morte?Ou outras pessoas que não tinham nada a ver com a Companhia?
Sara não sabia ao certo o porquê, mas nenhuma daquelas opções parecia encaixar.
Passou os 30 minutos seguintes mirabolando idéias, mais perguntas sem respostas e por fim começou a vasculhar o pequeno quarto onde estava. Simplesmente não havia nada lá dentro, além dela. Era como se fosse um jogo e todas as respostas para as suas perguntas estavam além daquela porta.

sábado, 2 de agosto de 2008

Se você não encontrou nenhum motivo para acompanhar as postagens: leia o texto abaixo!

Quero falar de amor, quero falar de Michael e Sara. Michael e Sara é o casal do seriado Prison Break. Por que eu os escolhi para falar de amor? Porque, a meu ver, eles são a perfeição do imperfeito, o enlace único, puro e inquebrável. Acho que na teoria, eles são o conceito de amor.
É tão incrível a maneira como as coisas aconteceram para os dois, não só por se conhecerem dentro de um presídio, sendo ela a médica e ele um dos presidiários, mas pelo modo como eles tratavam um ao outro desde sempre: como se eles se conhecessem há muitos anos. E o amor é assim, cria um passado às vezes inexistente, mas tão real que fica difícil contestar.
Sara, em minha opinião, não era uma pessoa perfeita quando conheceu Michael. Ninguém é perfeito, mas ela em questão, estava provavelmente no pior momento de sua vida. Sempre teve problemas com o pai, perdeu a mãe muito cedo, e por fim sua vida amorosa nunca foi das melhores. E para ajudar, caiu na desgraça das drogas.
Mas o que eu mais admirei nela, na primeira temporada, era o fato dela ser assim, tão forte, tão mulher, o fato de que ela não estava feliz com a vida que tinha, mas mantinha as forças para ir trabalhar num presídio, acreditando que isso podia fazer alguma diferença na sua vida e na vida dos homens que tratava lá. Ela tinha fé e esperança, como Michael sempre dizia, mesmo que ela negasse isso desde o princípio. Ela tinha consciência de todos os problemas que a acompanhavam, portanto sabia que não tinha uma vida social, não tinha amigos e seu pai estaria distante como sempre esteve. Sabia que seu futuro não lhe ia render muito, se o seu presente continuasse igual, mas mesmo sabendo de tudo isso, ela continuava em pé, firme e lutando por uma causa aparentemente impossível aos olhos dos outros: a de mudar o mundo. A citação de Gandhi que o diga {"Be the change you want to see in the world-"Seja a mudança que deseja ver no mundo"}!
Enfim, volto à questão da perfeição, ela não era perfeita e estava longe de ser. Mas continuava lutando, e continuava lá, mesmo que no fundo, bem no fundo, soubesse que estava realmente sozinha. Nas idéias dela, nos sonhos que tinha, nos seus princípios e na sua vida. Acho que uma pessoa não fica realmente sozinha, só porque quer estar, ou porque o destino quis, mas porque alguém algum dia a deixou para trás, porque talvez todas ou a maioria das pessoas que passaram pela sua vida a quiseram deixar sozinha, não a acharam alguém que valesse a pena de se estar junto. Eu acredito nas pessoas, não só porque acho que vale pena, mas porque sei que não sou nada sozinha e, portanto não deixaria ninguém a mercê da solidão. Eu não desisto das pessoas, por mais que todos achem que alguns ou outros são causas perdidas. Aonde há vida, há esperança.
Sara acreditava nisso, ela acreditava em causas aparentemente perdidas, causas impossíveis. Isso é o que mais me fascina nessa personagem. A capacidade de ela pensar no próximo, mesmo quando a própria vida não lhe parecia lá tão empolgante.
Quanto ao Michael, sim o admiro muito também, mas de maneira diferente.
Michael não foi tão infeliz durante sua vida, como imagino que Sara tenha sido. Michael sabia fazer amigos, por mais que eles não tenham digamos, ‘’aparecido’’ durante a série, era como se eles tivessem sido parte de sua vida, antes de entrar para Fox River. Também não teve a presença dos pais por muito tempo e seu relacionamento com Lincoln não foi dos melhores, mas até que eles tiverem alguns momentos bons. Ele tinha o sobrinho, L. J. com quem pareceu sempre se dar muito bem. Trabalhava no que gostava e praticava boas ações.
Digamos que o que lhe faltava, era o amor. Alguém que o motivasse para com a vida, e com questões como o seu relacionamento com Lincoln e sua necessidade de ajudar os outros. Tinha uma vida solitária, mas ainda não estava tão solitário e tão descontente quanto a Sara parecia estar.
Os planos de Michael em relação a Sara e a enfermaria, não foram os mesmos que ocorreram durante a execução de tais. Enfim, nunca foi a intenção de Michael se sentir atraído por ela, sentir vontade de estar na presença dela, e muito menos se apaixonar. Sara, então, nunca se permitiria apaixonar por um prisioneiro. Mas apesar de todos os fatos e circunstâncias desaprovarem um futuro sentimento, eles sentiram amor um pelo outro. Mas Sara não era um exemplo de mulher que um homem se atrairia no momento. Dizem que a gente deve se amar e se cuidar, para assim poder ser amado e cuidado. Sara não se encaixava nesses termos.
Sara estava carente de amor próprio. E Michael precisando de alguém que lhe motivasse a ter um pouco mais de amor próprio, mas do que já tinha. Não era um relacionamento que daria certo na prática. Mas mesmo sim, deu certo.
Enquanto Michael estava desesperado para socorrer o irmão do corredor da morte, Sara acreditou em mais essa causa. De início não acreditava totalmente na inocência de Lincoln, mas sempre foi interminavelmente contra a pena de morte. Então, foram aos poucos, descobrindo não semelhanças um com outro, muito menos afinidades, mas sim descobrindo o que valia mais, acima de qualquer outra coisa, para os dois. O amor, a vida, a esperança. Nada mais. Descobriram apenas o mais importante, e assim descobriram o amor um com outro/um pelo o outro.
Foi uma troca mútua, de necessidades, de carência, de solidão, de quereres, de tudo.
Enquanto Sara conservava quase nenhum amor por si mesma. Michael apaixonou-se por ela, Michael a amou, antes mesmo de ela aprender a se amar. Achei isso tão lindo, tão inocente, tão, mas tão puro. Coisas assim não acontecem todos os dias.
Michael, como eu, não a deixou sozinha, só porque ela parecia não ser boa companhia, ou uma motivação atraente. Michael, simplesmente a amou pelo o que ela era na essência, Michael amou-a pelas qualidades que ela nutria, pela sua habilidade de acreditar em causas aparentemente impossíveis. E quanto aos seus vários defeitos, ele não os esqueceu, ou fingiu não os conhecê-los, ele parecia realmente não conhecê-los. Uma vez li uma frase de um escritor, que não me recordo o nome, que dizia, mais ou menos, assim: "O verdadeiro amor não perdoa os defeitos, ele os desconhece."
Quanto ao restante da história dos dois, Michael e Sara tiveram algumas pedras durante o caminho, principalmente ao decorrer da segunda temporada, quando tiveram um reencontro um tanto difícil. Mas foi difícil só de início, pois o que sentiam era realmente verdadeiro e eles conseguiram manter-se unidos.
Como alguns sabem, por motivos até hoje conhecíveis, mas nem tanto explicáveis, Sara Wayne Callies, que interpreta Sara Tancredi, não participou da terceira temporada de Prison Break. Foi bem triste, para mim assistir a temporada, sem ela, mas sempre soube que os produtores, os diretores, os escritores e até mesmo o elenco a trariam de volta. Acreditei tanto nisso, que quando aconteceu, não parecia real.
Com a volta dela, acredito que a audiência irá subir e poderemos ver um final feliz para o casal.

Pode parecer muito para apenas dois personagens, pode até parecer bobagem, estupidez perder tempo definindo-os, pode ser difícil de acreditar no que digo, mas até hoje, de todos os livros que li, de todos os filmes que assisti e das demais histórias que soube, essa é aquela que mais me parece verdadeira e a mais perfeita história de amor. Quando os assisto juntos, uma paz muito grande se instala dentro de mim, uma paz que só sinto assim ou quando estou junto daqueles que amo. Quando vejo o quanto Michael acredita em fé, em amor, em Deus, isso me faz continuar acreditando em tudo o que acredito. Quando vejo o quanto a Sara acredita em mudanças, sinto uma vontade imensa de sair mudando tudo por aí, sinto vontade de mudar o mundo.
Quando penso, que isso é apenas uma série, que isso é apenas um faz de conta, lembro como o mundo é carente de tudo. Carente de coragem, de persistência naquilo que parece árduo de se conseguir, carente de mudanças, carente fé.
Então, penso que não é uma bobagem, não é uma coisa inútil, perder um pouco do meu tempo descrevendo-os, perder um pouco do meu tempo falando sobre filmes e livros, porque afinal, as pessoas parecem não aprender nem mesmo com aquelas histórias que elas mesmas escrevem. O mundo é carente de amor! O amor sincero e verdadeiro é capaz de curar feridas, capaz de curar a dor, capaz de fazer alguém completo, capaz de mudanças, capaz de gerar uma vida. Não só o amor entre um homem e uma mulher, mas também o amor para com o próximo seja ele quem for. O homem pode mudar tudo ou nada, mas o homem só mudará tudo o que é preciso mudar, com o amor.

Rafaela Antunes Nunes.

‘’Be the change you want to see in the world.’’

Mahatma Gandhi.

Prison Break{Capítulo 02x22}



Prison Break
2º Temporada

Capítulo 22
A Volta

 
Michael e Sara corriam apressados pela mata do Panamá, cada qual com mil e um pensamentos em suas mentes. Sara ainda com a arma na mão, tentava aceitar o fato de que acabara de matar um homem. Não parecia real, parecia um pesadelo, não poderia ser verdade. Michael logo atrás dela só pensava em um lugar seguro onde pudesse escondê-la, só conseguia pensar que não aceitaria o fato de vê-la presa e por sua causa.
Depois de algum tempo em que não descansaram um segundo sequer, depararam-se com uma cabana abandonada. Michael conduziu Sara até a varanda, abriu a porta e a fez entrar, antes de fazer o mesmo, olhou para trás: para seu alívio não havia ninguém.
Entraram rapidamente, Sara apoiou suas mãos nos dois joelhos e respirou, estava tão ofegante e com muita dor na cabeça. Michael foi até a fresta da janela que havia a sua esquerda e olhou para a mata: os guardas se aproximavam. Olhou na janela da direita também: havia muitos deles. Diziam que atirariam caso eles não saíssem com as mãos para cima. Michael voltou ao centro da cabana e caminhou com Sara para mais perto da parede, então, ajoelharam-se.
Michael firmava Sara perto de si, e juntos permaneciam em silêncio para poderem ouvir o que os guardas diziam: eles pediam que saíssem e que assim não haveria mais mortes.
Ao ouvir aquilo, a cabeça de Michael trabalhava em alguma forma de saírem dali sem serem pegos; olhou rapidamente para a porta e depois para Sara. Ela o olhou concentrada, soluçou e assustada disse:
-Michael, eu tirei a vida de um homem.
Sara exibia uma expressão de surpresa e terror, como se só tivesse se dado conta do que fizera naquele exato momento. Michael a olhou atentamente e passou a mão sobre o seu rosto, dizendo:
-Não pense nisso agora. Você e eu temos um encontro, lembra?Dois limões e algumas cervejas. Não esqueça.
Sara abaixou a cabeça e a escondeu sobre as mãos novamente e entre um soluço e outro, disse outra vez:
-Eu tirei a vida de um homem.
Michael firmou a mão em seu ombro e sussurrou em seu ouvido:
-Nós vamos sair daqui juntos e vamos dizer o que aconteceu.
Ele levantou o resto de Sara e a fez olhar em seus olhos:
-Olhe para mim, olhe para mim. Nós vamos sair daqui e vamos contar o que houve.
Sara balançou a cabeça, concordando:
-Ok.
Michael continuou:
-Vamos explicar tudo. E eu farei o que puder para te ajudar. Ok?
Sara consentiu novamente:
-Sim.
Sara fechou os olhos e encostou sua testa na de Michael. Permaneceram assim por alguns segundos, logo Michael pediu a arma:
-Agora, quero a arma.
Sara alcançou à ele e bem lentamente os dois se levantaram.
Michael perguntou se ela estava pronta, Sara não respondeu e num movimento só, o abraçou. Michael sentiu os braços dela entrelaçarem em seu pescoço e seu corpo quente e ofegante junto do seu.
Ela não sabia mais o que pensar, sua cabeça já estava latejando de tanta dor. Ela mal podia acreditar no que tinha feito; pensou que jamais seria capaz de matar uma pessoa, mas ela o fizera. E tudo isso por causa de um homem, o homem ao qual estava abraçada.
Michael, no entanto, só pensava no quanto a fizera sofrer. Pensava no quanto àquela mulher, que chorava descontrolavelmente em seus braços, era pra ser apenas a chave para a fuga de Lincoln, mas ao envolvê-la no processo, ela se tornou uma outra chave: a chave que abriu o seu coração.
Nessa mistura de sentimentos e pensamentos, Sara só soube dizer:
-Eu te amo.
Três palavras que ecoaram dentro de Michael, ele sentia um misto de prazer e dor. Fechou os olhos e com o último fôlego que lhe restava, retribuiu:
-Eu também te amo, Sara.
Sara o abraçou com mais força e ao se soltarem, puxou seu rosto para mais perto e lhe deu um beijo; um beijo rápido, mas que celou aquele momento difícil. Permaneceram alguns segundos com os rostos colados e se afastaram.
Sara enxugou as lágrimas de seu rosto, enquanto Michael pensativo imaginava alguma forma de saírem daquela situação.
Sara levantou o rosto para Michael e um pouco mais calma disse:
-Certo.
Michael segurou seu rosto com as mãos:
-Está pronta?
-Sim.
-Vamos lá.
Ele perpassou a mão sobre o seu ombro e juntos eles atravessaram a porta.
Aconteceu tudo muito rápido, e Michael não pensou duas vezes.
Os policiais pediam que se entregassem, Sara erguia as mãos para o alto e Michael vinha logo atrás dela. Em questão de segundos, Michael puxou o corpo de Sara de encontro ao seu e apontou a arma para a sua cabeça.
-NÃO SE MOVAM!
Sara olhou de canto para ele e surpresa , perguntou:
-Michael, o que você está fazendo?
Michael continuava gritando:
-NINGUÉM SE MOVE!
Mais silenciosamente disse a Sara:
-Você sacrificou tudo por mim uma vez....NÃO SE MOVAM!
Sara tentava inutilmente se desvencilhar dos braços dele, mas Michael não a deixava ir. Ela percebendo o que viria depois, disse:
-Michael, não faça isso.
Michael se aproximou mais dela e finalizou:
-...Agora é hora de retribuir.
Michael soltou-a e começou a descer os degraus da cabana.
-Fui eu, fui eu. Eu que matei!
Sara desesperada, ainda com as mãos ao alto, gritava:
-Michael!Ele não fez nada de errado!
Michael ajoelhou-se diante dos policiais.
-Eu matei!Eu matei!Fui eu!
Outros policiais cercavam Sara e a seguravam.
-Não, não, ele não fez nada de errado!Ele não matou ninguém!
Sara se debatia e continuava gritando:
-Michael, Michael!Ele não fez nada, Michael...Isso não tem volta!
Era inútil, Michael já havia sido algemado e junto com os policiais começava a sumir entre as árvores, deixando uma Sara eufórica e inconformada para trás.



A alguma distância dali, Lincoln começava a diminuir a velocidade de seus passos. Depois de tanto correr, havia chegado ao centro do Panamá.
Um guarda e uma promotora, alta e morena, saiam da Polícia local, Lincoln aproximou-se e perguntou:
-Com licença, você fala inglês?
A mulher o fitou, respondendo:
-Sim, no que posso ajudá-lo?
Lincoln suspirou aliviado:
-Estou procurando uma mulher... Sara Tancredi.
A mulher o olhou mais um vez, então respondeu:
-Ela veio dar um depoimento, foi liberada e acabou de sair.
A mulher o deixou ali e se foi. Lincoln virou o corpo e olhou para a rua movimentada à sua frente, avistou Sara no meio da multidão, de costas dobrando uma esquina. Gritou pelo seu nome, mas foi inútil, em questão de segundos ela já havia desaparecido de suas vistas.
Estava sozinho naquele momento, começava a se sentir um vazio dentro do peito, estava livre, livre e tudo isso graça as duas pessoas que agora ele nem ao menos sabia para onde tinham ido.


Long Island, Nova York, Centro de Pesquisa.

Dois homens caminhavam em um corredor longo e com paredes brancas. O homem mais jovem, disse ao outro:
-Acho que aqui é seguro para se dizer; senhor... Pegaram Scofield... Eu particularmente achava que isso não ia acontecer, mas nós o pegamos.
O outro homem não gesticulava uma palavra, apenas ouvia com atenção o que lhe era dito. Os dois atravessaram uma porta e continuaram andando.
-Bem, senhor, ele está preso, mas vai tentar fugir, está no sangue dele.
Eles chegaram até o fim do corredor, e o homem baixinho e gordo a quem o outro chamava de senhor, abriu a porta e disse:
-Mas é isso que nós queremos que ele faça.



Penitenciária Federal de Sona

Michael descia do furgão com as mãos e pés acorrentados, a chuva caía sobre o seu corpo, deixando as suas roupas ensopadas.
Enquanto os guardas tiravam suas correntes, ele viu Mahone saindo de outro furgão. Mahone o enxergou também, sustentaram o olhar por alguns segundos, até o guarda segurar firme o braço de Michael e o levar até a porta de Sona. Pararam diante dela e o guarda disse:
-A partir daqui é com você, não podemos continuar.
Michael olhou para as portas que se abriam à sua frente, depois para o guarda e por fim tornou a olhar para as portas agora já abertas, exibindo um corredor longo e escuro. Ele respirou fundo e deu dois passos: estava dentro de Sona.
Ele desceu os degraus e começou a percorrer o corredor à sua direita.
A cada passo tinha a sensação que estava percorrendo o corredor para o inferno; havia pessoas no seu pior estado, algumas inalando drogas e outras já agonizando no chão - entre elas Bellick, que pelas marcas de seu corpo e rosto já havia sido espancado e jogado às moscas, como se fosse um carne pobre sem mais serventia.
-Existia todo o tipo de pessoas lá dentro, mas todas tinham um aspecto em comum: era gente da pior espécie, pessoas incapazes de sentir amor por outra pessoa ou causa, pessoas desprovidas de qualquer sentimento verdadeiramente humano.
Michael chegou ao fim daquele corredor e olhou para a abertura que dava acesso ao pátio e mais uma vez para o longo corredor: havia duas opções, mas ele preferiu a chuva. Pelo menos lá fora ele podia continuar sendo, acima de qualquer outra coisa, ele mesmo.