domingo, 5 de outubro de 2008

Prison Break {Capítulo 03x08}

Prison Break
3º Temporada

Capítulo 8

A ligação

Sara começava a acordar. Sentia uma leve dor na cabeça, provavelmente por causa do baque que levara. Tentou se mexer, mas percebeu que estava sentada em uma cadeira com os pés e as mãos amarrados. Ainda com a visão um pouco nublada, levantou a cabeça, e sentindo os raios de sol cegarem-na mais ainda, olhou a frente: enxergava uma janela aberta com as cortinas brancas e bordadas; dali também via-se a rua deserta e dois carros estacionados.
Foi surpreendida com um barulho de cadeira arrastando e olhou para o lado.
Havia mais pessoas ali com ela. Um garoto estava sentado em outra cadeira a uns três metros da sua. E um homem, em pé ao lado dele, apontava uma arma para sua cabeça. O homem disse:
-Está na hora de fazer as apresentações.
Ele abaixou a arma e caminhou até o centro da sala, para que os dois, o garoto e Sara, pudessem enxergá-lo.
-Bom, vamos começar pelas damas; Sara eu sou John e como você já deve supor, este é L. J.
Sara sentiu seus batimentos acelerarem, John havia confirmado suas dúvidas. O garoto era L. J.
O homem deu alguns passos a direita e parou diante de Sara.
-E esta L. J., é a namorada do seu tio Michael.
A expressão no rosto de L. J. assustou-se.
Houve um barulho e a porta se abriu. Peter, com quem Sara havia tido uma conversa, dois dias antes, entrou na sala. Ele carregava consigo um celular na mão direita e uma arma na cintura, caminhou até John, cochichou algo em seu ouvido, logo se virou e disse a Sara:
-Ok, Sara, está na hora de você cumprir com o nosso acordo.
Peter foi até Sara, desamarrou suas mãos e pés e tirou a fita de sua boca. Ela permaneceu imóvel.
-Aqui está o celular.
Peter alcançou o celular a ela, que o pegou nas mãos e com calma e firmeza.
-Você vai ligar e dizer exatamente o que eu disse, caso contrário você nem ao menos vai poder se despedir dele.
Peter se afastou um pouco de Sara e esperou que ela fizesse o que lhe foi imposto. John ainda firmava a arma em direção a L. J., que cada vez mais mostrava seu pavor.
Os três atentamente observavam Sara se preparar para discar o número.
As mãos e o corpo dela tremiam ao tocar em cada tecla. Iria falar com Michael em poucos segundos, e só de pensar em ouvir a voz dele, seu coração ficava inquieto dentro do peito. Mas sabia que aquilo não era uma coisa extremamente feliz e, mesmo sabendo disto, aquilo tinha que ser feito e a hora era aquela.




Longe dali, amanhecia em Sona, os homens caminhavam no pátio, estendiam suas roupas nas sacadas e comiam e bebiam o pouco que tinham.
Graças a Chuck, Michael conseguira se alimentar bem até ali, com um pouco de comida roubada que conseguia para ele . Lechero controlava até os alimentos que entravam e saiam de Sona e raramente mandava seus capangas entregarem algo na cela deles.
Michael ainda deitado no beliche observava a foto de Sara. A necessidade de vê-la bem, aos poucos, estava se tornando agonizante. Lembrava dos bons momentos que passara com ela em Fox River e desde então tudo o mais que acontecera. Sentia-se tão culpado, tão ignorante, por ter deixado-a participar de tudo aquilo. Ele não tinha o direito, ele pensou só em si, quando a quis por perto.
Desceu do beliche e guardou a foto em baixo do travesseiro junto com o celular.
Deu alguns passos em direção ao corredor e foi quando aconteceu. Ouviu o celular tocar, voltou correndo e o segurou nas mãos e o observou tocar por alguns segundos, antes de respirar fundo e atender:
-Alô?!
Então ouviu:
-Michael?!
Aquela voz preencheu-lhe os ouvidos, numa mistura de alívio e prazer. Era ela, era Sara. Ouviu-a repetir:
-Michael?Você está aí?



Ele se apressou em dizer:
-Sim, sim, estou.
-Eles me pediram para ligar.
-Eu preciso saber como você está.
-Estou cansada, mas estou bem. E você como está?
Michael sentiu sua voz vacilar.
-Eu estou bem, também.
-Michael, me escuta... Eu sinto a sua falta e eu quero que isso acabe, mas você precisa fazer o que eles querem.
Michael recostou-se na parede e perguntou:
-O que eles querem desse tal de Whistler?Por quê ele?
Antes de Sara responder, ele ouviu um gemido de L. J. no fundo.
-Não sei, não sei ao certo...Mas Michael, eu preciso muito saber, você viu o que eu segurava na foto?
-Sim, eu vi.
-Você conseguiu alguma informação?
-Sim, Sara.
Michael sentiu Sara suspirar do outro lado da linha. Ouviu alguns barulhos e uma voz desconhecida.
-Eu quero que você preste muita atenção ao que eu vou lhe dizer, ok?
Michael sabia que a qualquer momento ela iria chorar. Também sabia que a qualquer momento eles a mandariam desligar.
O coração dos dois batia tão aceleradamente ao ouvirem a voz um do outro e ao saberem que ainda estavam vivos. Mas para desespero de Sara, ela sabia o que aqueles homens pretendiam e sabia o que eles fariam depois que ela desligasse aquele celular. Respirou mais uma vez, prendeu o choro e então disse:
-Nem tudo o que você deduz é certo, tendo essa informação trabalhe nela.
Michael absorveu aquelas palavras e tentou memorizá-las na mente.
-Ok, eu entendi e as gravei. Escuta...L. J. está bem?
-Está, está bem...Não fizeram nenhum mal à ele.
Houve um silêncio. Sara sentiu uma lágrima escorrer. Tinha que dizer aquilo, simplesmente tinha que dizer.
-Michael, ainda está aí?
-Estou.
-Eu acho que isto é uma despedida.
De um lado Michael sentiu o coração apertar, do outro Sara viu Peter se aproximar e lhe apontar a arma. Sentiu um calafrio percorrer-lhe o corpo e se apressou em dizer:
-Sentirei a sua falta sempre.
-Sara, eu te amo...
Sara segurou-se para não chorar mais um vez, dizendo:
-Também te amo...
-Vou sempre amar. E nós ainda iremos nos ver novamente. Acredite nisso, por nós, em nós. Ainda há esperança. Eu vou dar um jeito de salvar vocês, e vai dar certo.
-Michael, tenho que desligar...
-Sara, não...
-Nunca esqueça que eu o amo...
-Sara, espera...Não me deixa!
Michael ouviu um barulho, inconfundivelmente de uma arma disparando e depois o clic: Sara já não estava mais na linha.
Seus olhos não aguentaram mais e se desmancharam em lágrimas, recaiu sobre a parede ao lado do beliche e nessa posição chorou tudo o que podia.



A noite havia chegado e Michael permanecia no mesmo lugar que havia sentado e chorado horas antes. Por um momento, achou que não teria forças para levantar-se dali, mas assim que Chuck adentrou na cela e disse que Lincoln o esperava lá fora, ele reuniu todo o seu esforço e levantou-se.
Chuck aproximou-se dele e antes que pudesse dizer qualquer coisa, Michael perguntou:
-Em que hospital sua mãe está?
Chuck sobressaltou-se e olhou compenetrado.
-Por que você quer saber isso, cara?
Michael foi até a sua cama e pegou um pedaço de papel que encontrou e enquanto Chuck o observava, ele o rasgou e alcançou-o a ele.
-Escreva aqui, o nome do hospital, o nome dela, e qualquer outro dado que você lembrar.
Chuck ficou olhando para as mãos de Michael e para o papel que elas seguravam, como se estivesse pensando sobre o assunto. Depois, rapidamente, pegou e escreveu nele o que Michael pedira.
-Aqui...
Michael pegou o pedaço de papel e o guardou no bolso.
-Vou pedir para Lincoln ajudá-la, ok?
Michael observou os olhos de Chuck lacrimejarem outra vez, depois ouviu:
-Não sei o que dizer, Michael.
-Você sabe que não precisa dizer, agora eu tenho que ir.
Michael já estava saindo quando Chuck disse:
-Eu tenho um irmão, ele trabalha sempre no centro do Panamá numa dessas banquinhas, seu nome é Simóm. Diga para Lincoln avisá-lo que... Bom, você sabe.
Michael apenas assentiu e deixou a cela.




Ele se aproximava das grades.
-Como você está, cara?
-Bem e você, Linc?
-To bem também...Espera, Michael!
Lincoln olhou bem fundo dentro de seus olhos.
-Você chorou?
Michael aproximou-se mais das grades e disse em tom apreensivo:
-O telefone tocou.
-Como?Quando?
Lincoln estava um tanto espantado e Michael tratou de lhe contar o ocorrido.
-O que você acha que ela quis dizer com “Nem tudo o que você deduz é certo, tendo uma informação trabalhe nela.”?
-Eu pensei e cheguei a uma conclusão. Lembra quando eu disse que nós teríamos que ir ao Centro de Pesquisa, assim que sairmos daqui...?
-Lembro.
-Sara deve ter deduzido isso. Se eu não deduzi certo, significa que essa informação não é o endereço que conseguimos.
Lincoln fez cara de inconformado.
-Michael, mas com ela sabia do Centro de Pesquisa?As coisas não se encaixam. Ainda está tudo muito confuso.
-Eu sei, eu sei. Penso que ela pode ter estado neste lugar e depois a levaram para outro. Pode ser isso.
Lincoln suspirou, depois consultou o relógio em seu pulso e voltou a olhar para o irmão.
-Escuta, conheci uma pessoa ontem que diz ser namorada do tal do Whistler.
Lincoln contou tudo o que acontecera á ele no dia anterior, desde o telefone que fizera a Josh até o momento que salvara Sofia de um dos homens da Companhia.
-O que ela disse sobre o Whistler?
-Levei ela para o apartamento, tentei não contar muito de nós, de tudo isso, mas foi quase impossível. Ela disse que namora o tal do Whistler a uns três anos, disse que ele foi preso em Sona a uns dois meses e que desapareceu no último mês.
Michael consentiu.
-E o que disse a ela de nós?
-Tive que dizer que a Companhia está com L. J. e Sara e que eles querem Whistler em troca.
-De que lado você acha que ela está?-Não sei, ela pareceu meio perdida, sem saber no que acreditar, mas com certeza não sabia o que a Companhia era.
-E esse homem que você fez desmaiar?O que ela disse sobre ele?
-Disse que ele a procurou há uma semana e que estava mantendo contato com ele desde então. Falou também que ele queria que ela persuadisse Whistler a aparecer e quando ela disse que não sabia onde ele estava, ele não acreditou. Então... Você não o achou?
Michael admirou os pés antes e responder:
-Não, não achei.
-O que faremos, Michael?
Michael apenas o olhou por um longo tempo.
-Primeiro quero que você ajude uma pessoa com o dinheiro que sobrou e que você pegou com Josh.
-Quem?
-A mãe do meu colega de cela. Ele irá me ajudar com a fuga e é quem tem conseguido as demais coisas de que eu preciso aqui.
Michael passou entre as grades o pedaço de papel que Chuck havia lhe entregado.
-O irmão dele trabalha no Centro do Panamá, em uma daquelas banquinhas, o nome dele é Simóm. Avise ele que nós estamos ajudando-a.
-Tudo bem, eu farei. Não quero estragar com isso, Michael. Mas há coisas mais importantes do ficar ajudando os outros agora, você não acha?
-Acho que esse dinheiro eu que me preocupei em guardar quando eu fui para Fox River te ajudar. E agora acho que seria bom se ele pudesse ajudar a mãe de um amigo.
Lincoln engoliu em seco as palavras que ouvira do irmão. Por fim desculpou-se:
-Ok, me desculpa. Como você disse o dinheiro é seu, faça o que achar melhor.
-Quanto a Whistler, a fuga, e a todo o resto. Eu vou continuar procurando esse homem, continue falando com a Sofia e qualquer coisa que você conseguir, me procure.
Lincoln concordou e finalizou:
-Michael...
-Sim?
-O tiro que você disse que ouviu, você não acha que poderia...
Michael não o deixou terminar:
-Não, Linc, isso não aconteceu, Sara e L. J. ainda vivem, mas estão em perigo e é por isso que eu chorei hoje e é por isso que nós estamos aqui lutando e é por isso que nós temos que acreditar que eles estão bem.
Sem mais palavras, eles se despediram.

4 comentários:

Lucas L. disse...

Ótimo texto Rafa!
Mas, tipo, como episódio 08 se o Michel ainda nem encontrou o Whistler?

Eu sei que essa é a tua versão, com algumas mudanças, mas na série o Michael encontra o cara já no segundo episódio... Será que tu vai conseguir terminar essa 3º temporada no episódio 13?

De qualquer modo, como eu já disse, ta ótimo o texto, e daqui uns anos eu vou querer um livro autografado teu! hehehe

-> Lucas

Unknown disse...

Rafa, esse foi simplesmente perfeito, quando vc descreve a Sara falando com o Michael, meu coração dispara, parace que estou vendo a expressão do rosto deles, a aflição, o desespero!!! Cada sentimento, cada detalhe é expressado de uma maneira clara, fácil de entender. Estou gostando muito, tanto que li quase tudo só hoje, pois ele prende a atenção, parece que precisa sempre mais e mais... Parabéns amiga!!!

Déh disse...

Nossa, o que foi aquela ligação? As palavras, a despedida, o tiro, o desespero do Michael.. OMG!OMG!OMG! Você tá querendo matar suas(seus) leitoras(es), Rafa? Isso não se faz :') é muito pro nosso coração. E se isso já não bastasse, ainda vimos o Michael com o coração partido ajudando o amigo *.* todo mundo ficou com o coração na mão depois disso, foi muito, muito PERFEITO. Um dos melhores capítulos que eu já li. Simplesmente maravilhoso!

Held Freitas disse...

Oi Amore Mio...
qnto tempo num venho aki... sumi mas voltei... Amiga q homem lindo é esse (fotinha maravilhosa do Sucre, ehe aki em casa...rsrsr) como sempre mto detalista... acho q se ouvesse uma transcrição naum seria tao rico em detalhes, pq vc descreve os sentimos expressos(isso q é o mais lindo das Fanfic)... Saudadessss...